Ao apontar, de cabeça, o terceiro golo de Portugal no empate com a Hungria, Cristiano Ronaldo – o primeiro a marcar em quatro fases finais de Campeonatos da Europa - passou a integrar um outro grupo de elite: o de jogadores com 60 golos ou mais ao serviço da respetiva seleção.

Da lista, atualmente com 22 nomes, fazem parte algumas lendas do futebol mundial, com destaque para os húngaros Puskas (84) e Kocsis (75), os brasileiros Pelé (77) e Ronaldo (62), os alemães Klose (71) e Gerd Müller (68), ou ainda o marfinense Drogba (63). Face ao adeus à Suécia de Zlatan Ibrahimovic (62), apenas um jogador no ativo internacional (o irlandês Robbie Keane, com 67 golos em 145 jogos) está agora acima do capitão português neste particular.

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O trajeto goleador de Cristiano Ronaldo na equipa das quinas começou há 12 anos (a 12 de junho de 2004), também numa fase final de um Europeu, e num Portugal-Grécia de má memória (derrota por 2-1). Era o oitavo jogo de Cristiano pela seleção principal, e esse foi o primeiro dos seus 8 golos em fases finais de Europeus. O segundo tardaria 18 dias, na meia-final com a Holanda. E, tal como o primeiro, resultaria de uma cabeçada após um pontapé de canto.

Rendimento máximo com Paulo Bento

Esses foram os primeiros dos 21 golos que Cristiano Ronaldo marcou na seleção durante a era-Scolari. Entre 2004 e 2008, o avançado, então no Manchester, cumpriu 58 partidas de quinas ao peito, à média de 0,36 golos por jogo.

Seguiu-se uma travessia do deserto em 2008 e 2009, com Carlos Queiroz: apenas dois golos em 18 presenças, antes de a chegada de Paulo Bento representar a melhor fase do avançado do Real Madrid com a camisola de Portugal: 27 golos em 38 jogos (média de 0,76) até ao eclipse no Mundial do Brasil. Com Fernando Santos, o registo continua a impressionar: 10 golos em 15 jogos de quinas ao peito (0,67), sendo que sete deles foram em jogos oficiais e valeram vitórias ou empates.

Ao todo, desde a estreia com a Grécia, são 12 anos consecutivos sempre a marcar pela Seleção, com o máximo pessoal a ser atingido em 2013 (10 golos).

Golos que contam

Os 60 golos de Cristiano Ronaldo na seleção foram distribuídos por 44 jogos. Houve três hat-tricks, todos em fases de qualificação (Irlanda do Norte, Suécia e Arménia) e dez bis, dos quais apenas três foram em particulares. Por competições, Ronaldo marcou 11 golos em fases finais (8 em Euros e 3 em Mundiais), mais 35 em fases de apuramento (20+15, respetivamente), sobrando 14 para particulares. Ou seja: 77% dos seus golos foram em competição.

Refira-se ainda que 24 desses 60 golos tiveram impacto direto no desfecho, valendo vitórias tangenciais ou, como foi o caso nesta quarta-feira, segurando empates em provas oficiais. Outro dado estatístico importante: por 18 vezes Cristiano Ronaldo abriu o marcador para a seleção portuguesa, marcando o primeiro golo da partida, dado estatisticamente mais relevante do que, por exemplo, apontar o terceiro ou quarto num jogo que já está decidido.

Por adversários, é verdade que Cristiano Ronaldo ainda não marcou a algumas das maiores seleções mundiais (faltam-lhe Espanha, França, Itália, Alemanha e Brasil no currículo). Mas há alguns nomes ilustres na sua lista de vítimas, como é o caso de Holanda, Suécia, Dinamarca, Bélgica… e a Croácia que vai defrontar neste sábado.

As vítimas de CR7Arménia (5); Estónia, Holanda e Suécia (4); Bélgica, Dinamarca, Irlanda do Norte, Luxemburgo (3); Arábia Saudita, Azerbaijão, Bósnia Herzegovina, Camarões, Cazaquistão, Chipre, Hungria, Rep. Checa, Rússia (2); Argentina, Coreia do Norte, Croácia, Equador, Eslováquia, Finlândia, Gana, Grécia, Irão, Islândia, Letónia, Panamá, Polónia (1).

Cabeça, esquerda, direita…

Cristiano Ronaldo tem também uma distribuição muito equilibrada da forma como chega ao golo: marcou 29 com o seu pé mais forte, o direito, mas soma 15 de pé esquerdo e uns impressionantes 16 de cabeça. Desses, cinco foram conseguidos na sequência de pontapés de canto – aos quais há que juntar mais dois golos de canto obtidos com o pé. Na relação entre bola parada e bola corrida, Cristiano Ronaldo marcou quatro golos de penalti (em oito tentativas), seis de livre direto e sete a partir de pontapés de canto: 17 em 60, ou 28% do total.

No que se refere à distribuição por tempo, Cristiano Ronaldo marcou 23 dos seus golos na primeira parte e 37 na segunda. Nunca marcou num prolongamento. A sua zona de conforto é entre os 76 e os 90 minutos, altura em que a sua condição física pode fazer mais facilmente a diferença perante adversários cansados: nessa fase marcou 15 dos seus 60 golos, juntando-lhes mais quatro em período de compensações (como o da vitória em Copenhaga, por exemplo). Na primeira parte, o seu período de maior eficácia é entre os 15 e os 30 minutos (11 golos).

Distribuição dos golos por períodos de jogo:

Primeira parte (23)

1-15: (2)

16-30: (11)

31-45: (10)

45 + (0)

Segunda parte (37)

46-60: (9)

61-75: (9)

76-90: (15)

90 + (4)

Moutinho, Nani, Quaresma: os «melhores amigos»…

No que se refere a assistências, João Moutinho é o principal alimentador de Cristiano Ronaldo na seleção: passes seus deram origem a seis golos de CR7, enquanto Nani vem logo a seguir na lista, com cinco solicitações decisivas. Figo e Deco foram os primeiros a servir um então jovem CR7, mas na atualidade há dois cúmplices que ganham papel de relevo: Quaresma (dois passes) e João Mário (três) estiveram na origem de todos os cinco golos que Cristiano marcou no ano de 2016.

Ao todo, Ronaldo beneficiou de serviço ao domicílio em 42 dos seus 60 golos – os restantes 18 nasceram de lances individuais, livres, penaltis ou recargas. Eis a lista de todos os que criaram golos para Ronaldo:

João Moutinho, 6

Nani e Deco, 5

Quaresma, 4

João Mário, Fábio Coentrão e Figo, 3

Hugo Almeida e João Pereira, 2

Pauleta, Hugo Viana, Simão, Liedson, Meireles, Varela, Pepe, M. Veloso, B. Alves, 1