O Secretário de Estado da Juventude e Desporto, Laurentino Dias, abriu o Seminário «Profissionalização na Arbitragem: será possível?» - a decorrer no Edifício da Alfândega do Porto - com um discurso de contenção. Sabe-se que, desde sempre, nunca foi um defensor absoluto do modelo que a Liga Portuguesa de Futebol Profissional agora propõe mas deixou uma mensagem sobre aquilo que deve ser perseguido até à exaustão.
«Temos que ter maior responsabilidade, maior transparência e maior eficácia no cumprimento desta função. É necessária ainda mais independência e maior capacidade de auto-gestão. É isto que defendo para a arbitragem, mas não sei se o melhor caminho para o atingir será a profissionalização dos árbitros», avançou, considerando ainda que a comparação com aquilo que se faz em Inglaterra «não faz sentido».
«Não me parece que seja correcto comparar o que se passa no campeonato inglês com aquilo que se passa na liga portuguesa. São duas realidades díspares e incomparáveis», atirou para espanto de alguns dos presentes, pois dois dos prelectores neste seminário vêm precisamente de Terras de Sua Majestade. «Sou a favor que se criem condições para a evolução da arbitragem, mas ainda aguardo para ver quais são essas condições.»
Críticas nas pretensões de árbitros e futebolistas
Laurentino Dias não deixou ainda de enviar alguns ataques em duas direcções. Primeiro, rumo às recentes pretensões dos árbitros portugueses, em relação às ajudas de custo nas deslocações. Depois, para o presidente do sindicato de jogadores profissionais.
«Não tem lógica os árbitros estarem a falar nesta altura sobre os custos de deslocação. Esses dois cêntimos que reclamam por cada quilómetro é uma coisa tão pequena quando comparado com a possível passagem à profissionalização. Concentremo-nos no que realmente importa», vociferou, antes das críticas a Joaquim Evangelista, líder do sindicato dos jogadores.
«Sugerir uma greve é, no mínimo, estranho. A lei que esse senhor tanto contesta - integrar os jogadores no regime geral de tributação do IRS - já tem quatro anos. Por que só agora esta tomada de posição?», questionou o governante na abertura deste seminário.