A Federação Portuguesa de Futebol lançou, em parceria com o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, uma campanha anti match fixing.

O projeto surge no seguimento de recomendações do Conselho Europeu e de uma proposta da FPF de alteração à lei nacional em vigor no âmbito da corrupção na atividade desportiva e visa consciencializar os mais diversos agentes desportivos para um fenómeno em expansão.

Numa apresentação que decorreu nesta quinta-feira no auditório da Cidade do Futebol, o presidente da FPF destacou a importância de defender aquela que disse ser uma atividade «apaixonante». «O futebol não é compaginável com a falta de transparência, com a adulteração da verdade desportiva, com a desonestidade, com o enriquecimento ilícito ou com a batota», começou por dizer Fernando Gomes, considerando o match fixing um dos «flagelos do futebol».

No âmbito do projeto, que arranca já neste mês com uma campanha sob o slogan «Deixa-te de joguinhos», estão programadas visitas a clubes (onde os jogadores terão de assinar uma declaração de compromisso para com os objetivos da campanha), a escolas e ainda a distribuição de panfletos nos estádios.

Uma das ideias passa por dotar os diversos agentes ligados ao futebol de normas e princípios que lhes permitam não só agir em defesa da verdade desportiva mas também resistir a potenciais ameaças. Para isso, será distribuído um código de conduta de prevenção aprovado pelos principais organismos que representam os interesses dos agentes do futebol profissional europeu (UEFA, ECA, FIFPro e EPFL) e vai ser ainda promovida uma ação denominada de 3 R’S: «Reconhecer, resistir e reportar.»

«Este é um fenómeno que atinge o desporto à escala global e que em Portugal tem factores potenciadores de risco. (…) O incumprimento salarial coloca os jogadores em situações de fragilidade», avisou o presidente do Sindicato dos Jogadores, que vincou que a dependência financeira externa dos clubes é uma preocupação. «Isso é bem-vindo mas comporta riscos associados», acrescentou Joaquim Evangelista, apelando a um maior compromisso de jogadores, dirigentes e treinadores para com a integridade no futebol.

Recorde-se que em 2013 a Europol divulgou os resultados de uma investigação levada a cabo nos dois anos anteriores. Durante a operação foram identificados 425 pessoas relacionadas com grupos asiáticos com tentáculos em muitos campeonatos, inclusive em competições realizadas sob a alçada da FIFA. Evangelista falou de uma atividade muito poderosa, difícil de combater e apresentou números. «O Mundial do Brasil deu um lucro de 4 mil milhões de dólares. No mercado asiático de apostas, eles chamam a este valor quinta-feira: é o que têm retorno num dia. O mercado de apostas ilegais movimenta por ano 1 trilião de dólares. Dá uma média de 3 biliões por dia. São números que a Interpol forneceu».

Fernando Gomes e Joaquim Evangelista apelaram a uma sinergia cada vez maior para combater um dos maiores problemas do futebol a nível internacional. No âmbito deste projeto, do qual Pedro Pauleta é embaixador, está ainda previsto um programa de formação e a criação de um canal seguro de denúncias online.

O projeto será dotado de uma verba de 100 mil euros proveniente das receitas obtidas pela FPF em 2015/16.