Há jogadores precoces e depois há Karamoko Dembele. Tem 13 anos e jogou pela equipa sub-20 do Celtic, portanto um salto de sete anos no percurso normal. É um talento, já lhe colam adjetivos como «mágico», «rapaz maravilha», comparam-no a Messi. Tem o futuro pela frente. Mas, depois de a sua proeza ter corrido mundo, o desafio para Karamoko começa agora. E a forma como os responsáveis do Celtic estão a lidar com a fama repentina do jogador pode ser a segunda boa notícia para ele, depois da estreia.

«Precisamos de nos lembrar que Karamoko só tem 13 anos. Foi-lhe dada uma oportunidade de jogar, com todo o mérito, mas é muito importante que continue o desenvolvimento a um ritmo equilibrado», disse Chris McCart, responsável da formação do Celtic, no dia seguinte à estreia de Dembele.

«Ainda é um rapaz e precisa de crescer muito, tanto fisica como mentalmente. Os treinadores das nossas equipas sub-13 e 14 têm sido fantásticos em trabalhar o seu potencial, mas é crucial que não o empurremos longe de mais, cedo de mais», insistiu McCart, em declarações ao site do clube: «Tem muito trabalho pela frente para chegar ao topo e não vamos apressar esse processo.»

O nome de Karamoko Dembele já não era estranho para os adeptos do Celtic. Foi em março deste ano, quando foi eleito melhor jogador do torneio de sub-13 St Kevins Boys Academy Cup, na Irlanda, que ele começou a dar nas vistas. As imagens que vemos agora a ilustrar os talentos do jovem Karamoko são dessa competição, onde defrontou equipas como o Barcelona ou West Bromwich.

Em maio, a história repetiu-se. Participou com a equipa sub-13 do Celtic na Bassevelde Cup, na Bélgica, e foi eleito melhor jogador do torneio de formação, depois de os «Bhoys» terem vencido o Borussia Dortmund na final.

Por isso, muitos adeptos do Celtic já falavam entre si sobre o jovem prodígio que crescia na academia a driblar adversários e a fazer maravilhas com o pé esquerdo. Mas foi na segunda-feira que o mundo passou a ouvir falar dele. Chamado à equipa sub-20 para um jogo de campeonato com o Hearts face à ausência de vários habituais jogadores nas seleções, sentou-se no banco e o treinador Tommy McIntyre mandou-o entrar a menos de 10 minutos do final.

O número de reações a este tweet do Celtic dá ideia do impacto que teve o momento. Dembele tornou-se tendência na rede social, a imagem do miúdo em campo muito mais pequeno que todos os outros seduziu o mundo.

Ainda não viram nada, diz quem conhece há muito o jovem prodígio dos «Bhoys» de Glasgow, com origens na Costa do Marfim mas radicado na Escócia. Karamoko começou na Park Villa, uma escola de futebol da capital escocesa, antes de rumar à formação do Celtic, em 2013. David Feeney foi seu treinador durante quatro anos e diz que nunca viu nada assim.

«Fiquei fascinado com ele, é um talento fantástico», diz Feeney ao jornal «Daily Mirror», que cita o técnico a fazer a tal comparação que pode ser um enorme peso sobre Dembele: «Acho que é muito parecido com o Lionel Messi.»

«Falava dele a toda a gente, é o melhor jovem com quem já trabalhei», insiste: «Se tiver a orientação certa e ficar no Celtic, o céu é o limite para ele. Acho mesmo que pode tornar-se um grande jogador.»

De Karamoko, o técnico recorda um menino franzino, quando chegou a Park Villa: «Aos cinco anos os pés dele eram tão pequenos que costumava usar botas grandes de mais para ele. Mas já era o melhor, de longe.»

O treinador também acredita que Dembele tem boas condições para não ser apenas uma promessa não cumprida. Outro bom sinal: «Ele vem de uma família muito sólida e o pai parecia preocupar-se mais com a escola dele do que com a carreira no futebol.»