Ricardo Quaresma.

Quando regressou em janeiro, as dúvidas sobre o internacional português, em resumo, eram estas:

1. Conseguirá jogar a este nível?
2. Quanto tempo precisará para ficar em forma, depois da longa paragem?
3. Será capaz de encaixar neste FC Porto, seis anos depois?
4. Ainda terá a motivação necessária, aos 30 anos?
5. Por último, a maturidade. Será capaz de evitar conflitos e amuos?

Ricardo Quaresma participou em nove jogos, somou mais de 600 minutos em quatro competições diferentes e marcou quatro golos. Não chega para responder de forma definitiva a todas as perguntas. Mas já fornece boas pistas.

1. A esta pergunta já é possível responder: sim. Jogar sim, fazer a diferença como nos velhos tempos não. Pelo menos ainda não. Quaresma está ao nível dos colegas, mas ainda não assinou 90 minutos regulares, se bem que esse nunca tenho sido exatamente o seu forte.

2. Não posso escrever que está em forma. Mas aguenta perto de 90 minutos, já vai para cima dos adversários e, talvez mais importante, o físico aguentou sem lesões musculares e nota-se a evolução.

3. Sim. A saída de Lucho reforçou o peso de Quaresma. O que espanta é que em tão pouco tempo tanta coisa tenha passado a depender do extremo. Os quatro golos em nove jogos sublinham a importância.

4. Aqui a resposta também já é sim. Basta olhar para a forma como festejou o golo frente ao Eintracht Frankfurt, um dos mais bonitos e elegantes da carreira de Ricardo Quaresma.

5. As palavras têm sido as corretas e até agora nada de complicado a registar, apesar da cara pouco satisfeita com que deixou o relvado em Barcelos. Mas nada de grave, embora este seja um aspeto que nunca deixará de gerar dúvida face a episódios do passado.

Tudo somado, Quaresma já conseguiu tirar do caminho algumas das dúvidas iniciais e tudo o que tem feito em campo dá razão ao FC Porto.

Estas boas prestações do extremo tornam inevitável a pergunta seguinte: Quaresma terá lugar nos eleitos de Paulo Bento para o Mundial 2014?

Creio que a resposta dependerá da combinação de três factores:

a) Quaresma conseguirá continuar a progredir e pelo menos aproximar-se do seu melhor nível de sempre?
b) Como estará a concorrência para aquele lugar, em maio? (Varela, Nani, Vieirinha, eventualmente Pizzi, até Rafa Silva) 
c) Ficou alguma coisa por resolver com o selecionador depois da fase final do Euro 2012?

Desse tempo ficou um treino mais quente com Miguel Lopes e a nula utilização (foi um dos sete que não chegaram a pisar os relvados na Ucrânia e Polónia).  Ricardo Quaresma está pré-convocado, o que parece apontar para a inexistência de um problema que impeça a convocatória. Uma coisa é certa: mesmo que não seja convocado para o jogo de 5 de março, o extremo portista será falado na conferência de imprensa de Paulo Bento. Já fez o suficiente para isso. O resto ver-se-á.