A transferência de Ricardo Quaresma para o Besiktas sabe a pouco. Para o internacional português, que terá de esforçar-se mais do que nunca para voltar aos radares, num campeonato com pouca visibilidade e num clube sem possibilidade de participar na Liga dos Campeões. E para os adeptos portugueses, que alimentavam expectativas de ver a sua magia renascer nos relvados nacionais, com a camisola de um dos três grandes.

Descontando os aspectos económicos, relevantes para o jogador e seu agente, mas secundários para quem se limita a ver futebol, a carreira de Quaresma nos últimos dois anos resume-se em duas palavras: tempo perdido. As experiências falhadas no Inter e no Chelsea, depois da de Barcelona, sugerem que o problema passa pela personalidade reservada, e pelas dificuldades de afirmação no exterior, num meio menos propenso a acolhê-lo de braços abertos.

Não passa seguramente pelo talento, que continua a ser um dos maiores surgidos em Portugal na última década. Mas isso sabemo-lo nós, que dele tivemos provas abundantes entre 2001 e 2008. Infelizmente, há cada vez menos gente a sabê-lo na Europa. E por isso vamos estando cada vez mais sozinhos, afirmando que Quaresma merece mais e melhor do que jogar no quarto classificado da Turquia, por muito intensa que seja a relação de paixão com os seus adeptos. O sprint contra o tempo perdido recomeça em Agosto. Mas a distância a recuperar é cada vez maior.