O Maisfutebol desafiou os jogadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

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Leia a apresentação de Hugo Faria

«Olá a todos,

Como expliquei na apresentação, represento atualmente o Enosis Neon do Chipre. Mas hoje resolvi falar um pouco sobre o Torneio de Toulon que disputei em 2003 e que Portugal venceu! Foi o último triunfo português na competição.

Nessa altura, eu jogava no Louletano, clube que disputava a Zona Sul da 2ª Divisão B. Até então nunca tinha sido chamado para a seleção nacional, mesmo tendo jogado dois anos no Porto, onde existe maior visibilidade.

A oportunidade apareceu quando eu menos esperava. Fiz 15 jogos pela seleção nacional mas sem dúvida que esse Torneio de Toulon em 2003 foi o expoente máximo, não só pela qualidade dos jogadores que disputaram o troféu mas também pelas amizades que criei desde essa prova.

A equipa nacional era liderada pelo Professor Rui Caçador e tinha os seguintes jogadores: Cristiano Ronaldo, Danny, Hugo Almeida, Luís Lourenço, João Paiva, Raul Meireles, Custódio, José Castro, Miguel Garcia, Bruno Vale, Vítor Rodrigues, Luís Afonso, Pedro Ribeiro, Leandro, Nuno Viveiros, Filipe Oliveira, Davide, Amoreirinha e Rui Figueiredo. E eu, Hugo Faria, claro.

Era um plantel fantástico, não era?

Nesse ano, ficámos no grupo de Inglaterra, Argentina, Japão e Turquia. Era um grupo difícil, à partida, em que o primeiro classificado passaria diretamente para a final.

Defrontámos a Inglaterra na primeira jornada, vencendo por 3-0 com golos do Custódio, do Lourenço e do Cristiano Ronaldo.

Seguiu-se a Argentina. Conseguimos vencer novamente por 3-0. Foram dois golos do Lourenço e um do Custódio.

Ao terceiro jogo, perdemos 0-1 com o Japão e o embate com a Turquia acabou por ser a nossa meia-final. Se ganhássemos, passávamos ao jogo decisivo. Ganhámos por 2-0 com golos do Nuno Viveiros e do Danny.

A final esperava por nós e a Itália iria ser a nossa adversária.

Tivemos dois dias de descanso e aproveitámos o tempo livre para estudar o adversário e relaxar. Como presente, tivemos uma ida ao McDonalds. Depois de dias e dias a comer esparguete e franco, nada melhor que um hambúrguer, batatas fritas e Coca-Cola. Como diz o velho ditado, não há regra sem exceção.

A final foi disputada a 21 de junho de 2003 e Portugal venceu por 3-1. Foi um jogo difícil, com uma expulsão ainda a meio da primeira parte (Hugo Almeida). Tudo levava a crer que esse não era o nosso dia, mas uma segunda expulsão antes do intervalo de um jogador italiano fez-nos acreditar que era possível.

A segunda parte foi de loucos. Começámos a perder e perante esse cenário, o Professor Rui Caçador decidiu meter o João Paiva (que ainda não tinha jogado qualquer minuto no torneio) e o Danny. O João Paiva acabou por fazer dois golos e o Danny um: fantástico!

Ainda me recordo hoje desses momentos, de correr de uma ponta a outra do estádio com o Luís Afonso para celebrar com os portugueses que estavam nas bancadas. Parecíamos uns maluquinhos, cheios de alegria. São tempos que recordo com saudades.

Fomos campeões, tivemos o Luís Lourenço como melhor marcador do torneio e o Raul Meireles como segundo melhor jogador, atrás do Mascherano. O prémio também podia ter ido para o Cristiano Ronaldo, o Danny, o Lourenço ou o Custódio.

Era uma equipa recheada de qualidade e foi um torneio inesquecível.

Aproveito esta oportunidade para mandar um abraço a todos os que fizeram parte desta equipa fantástica assim como à equipa técnica, a equipa médica e a direção da Federação.

Até já,

Hugo Faria»