A chegada à África do Sul, como a partida de Lisboa, aliás, serviram para mostrar como está recuperado o ambiente de euforia em torno da Selecção Nacional. Milhares de pessoas, por exemplo, lotaram a pequena localidade de Magaliesburgo para saudar os jogadores nacionais e assistirem ao primeiro treino em África.

Carlos Queiroz sente que o apoio veio para ficar. «Acho que vamos ter imensos adeptos e não vão ser só adeptos portugueses. A selecção portuguesa tem um carinho muito especial nos adeptos sul-africanos, moçambicanos, angolanos, enfim. É um carinho que não tem só a ver com o futebol, tem a ver com o país», garantiu.

Carlos Queiroz na África do Sul: «Esta é a viagem»

Ora por falar em apoio e em euforia, Queiroz aproveitou para explicar por que razão durante dois anos, curiosamente no início da campanha para o Mundial, se sentiu muito menos esse apoio. Em duas palavras: Bernard Madoff. Nome de presidente de uma sociedade de investimento mas também nome de escândalo financeiro.

«Quando se iniciou a campanha para o Mundial rebentou o caso Madoff. O caso Madoff atingiu toda a sociedade, os patrocinadores, as empresas e todas as iniciativas que rodeavam a Selecção Nacional. Os bancos, por exemplo, eram uns mãos-largas no apoio à Selecção. Durante dois anos essa gente desapareceu toda.»

«Até mesmo os anúncios e iniciativas privadas na imprensa desapareceram. Naturalmente que quando não existem essas estruturas de apoio, as coisas sofrem o impacto. Ficámos sozinhos, a cumprir com a nossa responsabilidade mas sem o apoio que estava instalado por detrás da Selecção Nacional», acrescentou.

Foram investimentos, diz o seleccionador nacional, que desapareceram por completo, assustados com as proporções do escândalo financeiro, e que só agora começam a voltar. «A pouco e pouco há uma retoma de confiança e os próprios patrocinadores sentem que seria uma tolice não apoiar a Selecção.»

«Seria uma tolice não capitalizar os seus interesses na Selecção Nacional. É verdade que Portugal teve dois maus resultados no início da campanha, mas a dinâmica que existia foi prejudicada também pelo vazio institucional de promover a Selecção. Agora estamos na fase final, os atractivos voltaram e as pessoas aparecem», terminou.