A patinagem de velocidade nos Jogos Olímpicos de Inverno está pintada de cor de laranja. Os atletas holandeses masculinos e femininos já ganharam 12 medalhas entre 18 possíveis. Das cinco medalhas de ouro atribuídas, a Holanda só não conquistou duas.

Os patinadores dos países baixos já ganharam quatro medalhas de ouro, três de prata e cinco de bronze. Até agora, deixaram para os outros países duas medalhas de ouro, três de prata e uma de bronze. Estes resultados foram obtidos não só com holandeses presentes em todos os pódios, como os homens vestidos de laranja preencheram os três lugares em dois deles.

Estranho? Não. Esta é uma tradição que só tem vindo a ser alterada à medida do aumento do domínio holandês na patinagem de velocidade.

Com as doze medalhas já obtidas em Sochi 2014, a Holanda tem um total de 96 na história dos Jogos de inverno. Noventa e quatro foram conquistadas na patinagem de velocidade: 31 de ouro, 32 de prata, 31 de bronze – as outras duas medalhas que sobram foram ganhas na patinagem artística e no snowboard (ambas de ouro).

E o que faz os holandeses patinarem mais rápido ou melhor do que os outros? Tudo o que os carateriza, provavelmente, desde os primeiros tempo de bebé. É idiossincrático. Os holandeses aprendem a patinar no gelo desde que começam a gatinhar. E depois vão desenvolvendo esta capacidade aproveitada por uma constituição física marcada por uma média de alturas alta.

Cerca de dois quintos dos Países Baixos estão abaixo do nível do mar. A Holanda é caracterizada pela quantidade de diques e canais que permitem ganhar terreno ao mar. E tanta água que circula por entre terrenos e cidades torna-se em verdadeiras estradas de gelo durante os meses de inverno. Estradas que são percorridas em patins por muitos holandeses que fazem dessa uma das suas formas de deslocação – durante dezenas (e até centenas) de quilómetros.



Os patins de gelo são como que uma instituição na Holanda. E a glória olímpica junta o orgulho do ouro a um modo de viver. Algo que começou a tomar a sua forma – e a formar esta tradição olímpica – a partir da década de 1960 com a conquista das primeiras medalhas de ouro e coincidindo com as transmissões televisivas.

A importância da patinagem de velocidade na Holanda estende-se ao Estado e os reis da Holanda estão também eles presentes em Sochi a apoiar os seus patinadores. E a vibrar com a conquista das medalhas no tão familiar gelo. Esta afinidade dos holandeses com o gelo e o modo de nele se deslocarem faz até parte da história do casamento do agora rei Willem-Alexander com a agora rainha Máxima, pois o então príncipe terá feito o pedido oficial em patins de gelo.



O domínio dos holandeses na Arena Adler tem sido incontestado – um recinto que também contou com a participação de outro holandês. Bertus Butter foi responsável pela ventilação do espaço conseguindo separar a temperatura das bancadas da temperatura da pista – evitando o aquecimento desta e permitindo maior velocidade. Butter tem trabalho nas arenas de Heerenveen, Haarlem, Utrecht, Nijmegen, Moscovo, Astana e Kolomna.

E apesar de alguns desabafos sobre tanto de holandês na patinagem de velocidade em Sochi – que não conseguiram passar de piadas sobre a cor das bancadas (também laranja) – os Países Baixos caminham para o que pode ser o melhor resultados de sempre nas Olimpíadas de Inverno. Pois já ganharam o primeiro ouro nas distâncias curtas. Até Sochi tinham uma medalha de prata e outra de bronze nos 500 metros. Desde segunda-feira são campeões olímpicos.

Quadro de medalhas da patinagem de velocidade em Sochi 2014:

5000 metros masculinos:
Ouro: Sven Kramer (Holanda), 6:10.76 (recorde olímpico)
Prata: Jan Blokhuijsen (Holanda), 6.15.71
Bronze: Jorrit Bergsma (Holanda), 6:16.66

3000 metros femininos:
Ouro: Ireen Wust (Holanda), 4:00.34
Prata: Martina Sablokova (República Checa), 4:01.95
Bronze: Olga Graf (Rússia), 4:03.47

500 metros masculinos:
Ouro: Michel Mulder (Holanda), 69.312
Prata: Jan Smeekens (Holanda), 69.324
Bronze: Ronald Mulder (Holanda), 69.46

500 metros femininos:
Ouro: Sang Hwa lee (Coreia do Sul), 74.70
Prata: Olga Fatkulina (Rússia), 75.06
Bronze: Margot Boer (Holanda), 75.48

1000 metros masculinos:
Ouro: Stefan Groothuis (Holanda), 1:08.39
Prata: Denny Morrison (Canadá), 1:08.43
Bronze: Michel Mulder (Holanda), 1:08.74

1000 metros femininos:
Ouro: Hong Zhang (China), 1:14.02
Prata: Ireen Wust (Holanda), 1:14.69
Bronze: Margot Boer (Holanda), 1:14.90