A Liga portuguesa é, de entre os principais campeonatos europeus, a segunda com mais baixa utilização de jogadores nacionais nos onzes iniciais dos seus participantes, sendo apenas superada pela Premier League. Ainda assim, por comparação com a época passada, há um aumento da aposta na prata da casa, que permite uma aproximação aos valores registados nas ligas da Alemanha e Itália. Esta são as principais conclusões de mais um estudo realizado pelo site «Football Industry», em parceria com o Maisfutebol, e cujos dados pode conferir na fotogaleria que acompanha este texto.

Ao fim das três primeiras jornadas, as equipas portuguesas utilizaram nos seus onzes, em média, 4,9 jogadores elegíveis para a seleção nacional. O número parece baixo, e na verdade é: das oito ligas consideradas no estudo, só em Inglaterra esse valor é mais baixo (3,8). Em todos os outros campeonatos, a média é superior a cinco, com os valores mais altos a serem registados na Holanda (7,3) e em Espanha (6,7).

Se compararmos com os números da época passada, entretanto, Portugal regista uma variação positiva assinalável (de 4,2 para 4,9), só superada pela da Bélgica (de 4,6 para 5,4). Um sinal de que a retração económica faz com que os clubes recorram com mais frequência a jogadores locais? É legítimo acreditar nisso, já que a média desta época é a mais alta desde 2009/10, última vez que as equipas portuguesas tinham, em média, mais de cinco jogadores nacionais nos seus onzes (5,2).

Dos oito campeonatos estudados, a maioria reforçou, neste ano, a aposta em jogadores da casa. Só França, Itália e Espanha contrariaram esta tendência. A descida mais acentuada aconteceu em França, onde pela primeira vez as equipas da Ligue 1 têm média inferior a seis franceses nos seus onzes iniciais. De resto, até na Holanda, onde a média já era a mais alta dos principais campeonatos, se aposta mais na prata da casa este ano (de 7,0 para 7,3).

Evolução da média de jogadores nacionais na Liga portuguesa

2013/14: 4,9
2012/13: 4,2
2011/12: 4,6
2010/11: 4,7
2009/10: 5,2
2008/09: 4,9

Nota: considerados apenas os onzes iniciais, três primeiras jornadas

Em Portugal há uma correspondência quase direta entre o número de jogadores nacionais e a capacidade financeira: o recém-promovido Arouca é quem mais aposta em portugueses (média de 9), com FC Porto e Benfica a ocuparem o extremo oposto da tabela nos últimos anos. Um curioso caso de análise é o Rio Ave, que é, depois dos crónicos candidatos ao título, a equipa que menos aposta em portugueses (3 em média), quando em 2010/11 estava na situação inversa, jogando por sistema com 10 jogadores nacionais. 

Mas esta não é uma tendência universal. Se é verdade que os campeões PSG e Ajax, por exemplo, estão entre as equipas do seu país que menos recorrem a jogadores nacionais, em outros campeonatos o sucesso desportivo e financeiro é acompanhado por uma aposta mais sólida no produto doméstico: Manchester United, Bayern Munique, Dortmund e Barcelona estão acima da média dos respetivos campeonatos nesse particular.

De sinal contrário, nem sempre a utilização de muitos estrangeiros evita desaires desportivos. Que o diga o Inter, a equipa menos italiana da Série A, que na época passada acabou no 9º lugar, fora das competições europeias pela primeira vez em 14 anos, ou o Newcastle, a menos inglesa da Premier League, que esteve até às últimas jornadas em risco de despromoção.

Por fim, considerando as posições em campo o aumento na aposta em jogadores nacionais na Liga portuguesa traduz-se em especial nos médios (mais 11%) e avançados (mais 7%), diminuindo as opções para a baliza (menos 7% de guarda-redes do que há um ano).

Dados: http://football-industry.com/
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