No Brasil era conhecido por o senador. Mesmo não sabendo, não é difícil imaginar as razões por detrás desta alcunha. Tem uma mentalidade de ferro e acrescenta-lhe uma retórica admirável. À pergunta, por exemplo, de onde até pensa que pode chegar a Académica esta época, Roberto Brum responde sem pausas. «Eu sempre procuro o topo», sublinha. «Quero sempre o melhor e o melhor é ser campeão».
O brasileiro diz saber que é uma afirmação arriscada, mas explica-a. «Você é aquilo você pensa ser», revela. «Se você pensa ser fraco, a sua atitude vai ser sempre de um fraco, se você pensa ser forte, você vai bater-se como um forte. Se você pensar ser campeão, você pode ser campeão. Não quer dizer que o vai ser, mas pode sê-lo. Mas se você pensar ser vice-campeão, então aí você nunca vai ser um campeão».
Por isso garante que luta para chegar ao topo na Académica. Ainda que não seja fácil consegui-lo. «Pelos últimos anos, pela instabilidade do clube, pelas constantes subidas e descidas de divisão, a Académica está rodeada de um certo pessimismo», refere. «Sente-se esse pessimismo no ar. Eu, por exemplo, dei uma entrevista a dizer que queria ser campeão e senti que isso assustou muita gente. Mas meu pensamento é sempre o de ser campeão. O que faz um grupo é a mentalidade, é a força do pensamento».
Certo é que o que o clube conseguiu fazer o ano passado e as bases que herdou da boa segunda volta exigem mais. «Toda a gente tem de querer mais. Eu cobro-me muito, quero fazer mais do que fiz. Todo o clube tem fazer o mesmo, os jogadores, os técnicos, os dirigentes, os adeptos. Se isso acontecer a Académica vai lutar pelos melhores lugares». Até porque qualidade existe. «Mas não basta ter qualidade, temos de formar um grupo. Não pode ser só o Marcel a brilhar, o Roberto Brum a brilhar ou o Nelo Vingada a brilhar. Temos de ser uma equipa e não uma euquipa.
Para já, garante, ainda não existe essa equipa. Mas com o tempo espera que exista. «Tem muitos jogadores novos e é preciso conhecê-los, entrosá-los e tirar-lhes o melhor rendimento. Há jogadores que gostam de receber a bola no pé, há jogadores que gostam de receber a bola em movimento, há jogadores que gostam de ser elogiados, há jogadores que gostam de ser cobrados, há muitos pormenores que só se vão conhecendo com o tempo. Temos qualidade humana para lutar pelos melhores lugares, precisamos agora de fazer uma equipa para lutar também pelos melhores lugares».