Rafa fechou o ano com nove golos e oito assistências em 26 jogos já disputados nesta temporada. O extremo, de 30 anos, marcou no campeonato, na Liga dos Campeões e na Taça de Portugal, assumindo-se como um dos protagonistas dos encarnados, depois de um verão que levou da Luz jogadores chave como Grimaldo e Gonçalo Ramos.

Na Liga, Rafa é o melhor marcador do Benfica, a par de Di María, com cinco golos, e é também o jogador que mais assiste (6), superando Aursnes e Neres (4). Ainda assim, será esta a época mais prolífera e influente do avançado? Olhemos aos números e à história dos últimos sete anos.

Após uma chegada algo tímida ao Benfica, com apenas cinco golos e oito assistências em 56 jogos, entre setembro de 2016 e o final de 2018, Rafa assumiu, pela primeira vez, preponderância no reino da Luz no arranque de 18/19.

Era à época um avançado vidrado na baliza contrária, pelo que registou oito golos e uma assistência em 12 jogos, até ao fecho de 2018. Seguiram-se 24 jogos, 13 golos e uma assistência.

Uma época notável nas competições domésticas, que ajudou o Benfica, então treinado por Bruno Lage, a (re)conquistar a Liga. Ainda assim, os números de Rafa no campeonato (17 golos e duas assistências) foram superados por Seferovic (23 golos) e pela omnipresença de Pizzi (13 golos e 19 assistências).

Era um cartão de visita aliciante para os “tubarões” europeus. Todavia, as duas épocas que se seguiram reduziram o brilho do extremo. Entre lesões – que obrigaram o português a parar 103 dias e a falhar 24 jogos – e a instabilidade desportiva e administrativa que deteriorava o Benfica, Rafa anotou 20 golos e 16 assistências em 82 jogos, entre agosto de 2019 e maio de 2021.

Desconfinar em doses concentradas

A segunda metade de 2021 foi prolífera para o avançado, sobretudo no capítulo das assistências. Até fechar o ano, assistiu por 14 ocasiões, sobretudo à boleia das receções ao Marítimo (4) e Vitória de Guimarães (2), assim como das visitas a Famalicão (3) e à B SAD (2).

Além disso, nos 29 jogos então disputados, Rafa já havia marcado 11 golos. Trata-se do melhor arranque de temporada na carreira do português.

Um começo promissor apenas travado pela inconsistência. Seguiram-se 16 partidas, mas apenas um golo e três assistências. De novo, Rafa permaneceu na “sombra” de outros colegas, como Darwin (26 golos no campeonato e seis na Liga dos Campeões).

O mais influente na turma de Schimdt 23/24

Há um ano, Rafa somava 11 golos e seis assistências em 27 jogos. E eis que, uma vez mais, o ímpeto do avançado desvaneceu, totalizando 14 golos e nove assistências em 47 partidas disputadas na época.

No campeonato, o extremo marcou por oito vezes e anotou cinco assistências. Por isso, foi ofuscado por Gonçalo Ramos (19 golos), Grimaldo (nove assistências) e pela participação de João Mário (17 golos, sete assistências). Parecia um “déjà-vu” da época de 18/19.

Regressamos ao presente. Rafa leva nove golos e oito assistência na atual temporada, com 26 jogos nas pernas. O extremo revelou-se, talvez por força das circunstâncias, um jogador mais altruísta, somando seis assistências e cinco golos na Liga, aproximando-se do registo total da última época.

Assim, Rafa supera, no campeonato, os registos de Di María (cinco golos e uma assistência), Aursnes (dois golos e quatro assistências), de João Mário (dois golos) e do lesionado Neres (um golo e quatro assistências).

Importa ressalvar, como sempre, que os números não ditam conclusões taxativas. Se assim fosse, as dinâmicas de equipa seriam descartadas e o desporto teria menos brilho. Portanto, importa lembrar o contributo de João Neves em todos os processos do Benfica, algo que os números são incapazes de refletir.

Em todo o caso, e em suma, será justo afirmar que Rafa está, pelo menos, entre os mais influentes da versão de 23/24 do Benfica, ultrapassando a "concorrência interna". A chave, doravante, estará na consistência, na condição física e no elo entre Rafa e Schmidt.

Depois de abrir as portas à despedida da Luz, na sexta-feira, Rafa tem na mão a possibilidade de encerrar este ciclo com a época mais consistente e prolífera da carreira, visando o registo de 21/22.

Rafa termina contrato com o Benfica em junho e conta com um valor de mercado na ordem dos 18 milhões de euros.