Chapecó, cidade do estado de Santa Catarina com cerca de 200 mil habitantes, está de luto. A Associação Chapecoense de Futebol foi ferida de morte no melhor momento da sua história. Estava na final da Taça Sul-Americana mas a viagem para a Colômbia terminou da pior forma.

O Departamento de Aviação da Colômbia contabilizava ao final da tarde 71 mortos na sequência da tragédia e apenas 6 sobreviventes. Rafael Copetti conhecia várias das vitímas desta tragédia.

Copetti rumou a Portugal em 2011 para representar o Benfica. Esteve vinculado ao clube encarnado até 2014, passando a primeira época por empréstimo na União de Leiria. O guarda-redes é natural de Chapecó e a Chapecoense é o clube do seu coração.

Depois de terminar a sua ligação ao ABC de Natal, Rafael Copetti estava a passar uns dias na sua cidade-natal quando foi confrontado com a tragédia.

«É difícil falar porque tinha amigos e conhecidos nesse voo e estou abalado, como toda a cidade está. Foi uma tragédia muito grande pois a cidade amava o clube e havia muita alegria pois estes seriam os dois jogos mais importantes da história da Chapecoense», começa por salientar, em conversa com o Maisfutebol.

Rafael Copetti nasceu em Chapecó em 1991. Deixou a cidade aos 15 anos, para lançar a sua carreira profissional, e chegou a Portugal aos 20.

«Sou adepto da Chapecoense, sempre torci pela equipa, mesmo quando estava aí em Portugal. Ficava a acompanhar os jogos pela TV, pela internet ou pela rádio, de madrugada», recorda.

A Chapecoense cresceu a um ritmo considerável nos últimos anos e atravessava uma fase de euforia: «É algo inexplicável. Vimos a equipa crescer de forma tão rápida, de forma tão organizada, e agora numa tragédia destas acaba por se perder as pessoas que fizeram parte dessa história de crescimento, inclusive os jornalistas que sempre acompanharam a Chape.»

«A cidade está muito abalada e o centro, que costuma ser muito movimentado, está completamente vazio. Há muita tristeza, luto, várias faixas pretas espalhadas pela cidade e até algumas lojas fechadas», descreve Rapael Copetti.

Adeptos e familiares das vítimas concentram-se na Arena Condá, recinto do clube, para rezar e recordar aqueles que partiram de forma trágica.

«Conhecia muita gente, como por exemplo o Josimar, que era da minha época no Internacional de Porto Alegre, ou o Follmann, que defrontei muitas vezes quando ele estava no Juventude, para além de todos os jornalistas que eram da cidade», lamenta.

Jackson Follmann, guarda-redes, foi resgatado com vida mas teve a sua perna amputada e encontra-se nesta altura em estado crítico.

Para Rafael Copetti, este é um momento de profunda consternação. Até faltam palavras para abordar a tragédia.

«Fiquei em Chapecó até aos meus 15 anos, depois saí para o Avaí, para o Internacional, para Portugal, mas sempre fui e sempre serei Chapecoense. Venho sempre de férias, a minha família é de cá, a família da minha mulher é de cá, é um dia horrível para todos», salienta.

Depois de representar a União de Leiria (1 jogo na Liga portuguesa em 2011/12) e o Benfica B, Rafael Copetti regressou ao Brasil, passando por Vasco da Gama, Bragantino e ABC. Após a experiência no clube de Natal, o guarda-redes regressou a Chapecó para uns dias de descanso. Estava de longe de imaginar o chegaria nesta terça-feira.