Rafael Leão vai apresentar esta quarta-feira uma autobiografia intitulada «Smile» em que o rapaz de Almada fala dos episódios mais marcantes da sua carreira, das vitórias e dos troféus conquistados, mas também conta episódios privados da sua vida. Fala também da forma como lida com a fama e também aborda as suas preferências musicais. O avançado do Milan reserva um capítulo para falar do ataque a Alcochete, em maio de 2018, que o levou a rescindir contrato com o Sporting quando tinha apenas 18 anos.

«Tinha havido um primeiro protesto, muito violento, da Juventude Leonina, no aeroporto, depois do jogo com o Marítimo. Manifestaram o desapontamento deles, mas ninguém estava preparado para o que aconteceria dois dias depois. Cerca de 50 pessoas, encapuzadas, entraram no nosso centro de treinos. Agrediram o treinador, Jorge Jesus, o seu adjunto e os primeiros jogadores que encontraram, com cintos e barras de ferro. O Bas Dost ficou muito mal, partiu a cabeça», começar por recordar.

Um acontecimento marcante que provocou uma reviravolta na carreira do jovem avançado. «Nós, jogadores, pensávamos que éramos intocáveis e ficámos em estado de choque. Nem tivemos tempo para reagir. O próprio clube não levou as ameaças a sério, porque não tomou medidas de segurança», prossegue.

O medo prolongou-se para além do dia do ataque, até porque Rafael Leão conhecia pessoalmente alguns dos adeptos que invadiram a academia. «Entre os que entraram no balneário, reconheci alguns antigos colegas de escola. Quando estás muito tempo com alguém, um capuz ou uma balaclava não os tornam irreconhecíveis. Não podia acreditar no que estava a acontecer porque tínhamos perdido um jogo. Todos os jogadores foram chamados para depor em tribunal, mas aqueles adeptos sabiam tudo sobre nós, onde vivíamos, onde viviam as nossas famílias… O meu pai mandou-me para o Porto, para casa de uns amigos. Eu e os meus amigos recebemos várias ameaças nas redes sociais.»