«Não se pode gostar de futebol e não gostar de Messi. É o último génio pequenito, que representa o outro futebol, que não era tão físico.»

A frase é de Jorge Valdano, referência da seleção argentina e do Real Madrid, como jogador e dirigente, que numa entrevista ao site madridista La Galerna teceu loas à genialidade do seu compatriota, mas também destacou outros jogadores que o encantam. Como Benzema e Mbappé. Sobre o primeiro, diz que beneficiou muito da convivência com Cristiano Ronaldo:

«Benzema é um craque, ganhou uma série de atributos que pensas "Onde foi buscar isso?". Bem, ele jogou com Cristiano, o super profissional por excelência. Cristiano, que o admirava, disse-lhe um dia: "Rapaz, o que tens não vai chegar-te para vingares no Real Madrid". E Karim aprendeu com esses conselhos. A própria saída de Cristiano foi importante para ele. Porque o obrigou a assumir o papel de protagonista.»

Já sobre Mbappé, o grande desejo de mercado dos merengues, Valdano afirmou que a sua contratação «envolve muitos interesses económicos, políticos e puramente futebolísticos»: «Até pode ser que Mbappé e Messi entrem em sintonia no PSG e aí vai ser mais difícil trazê-lo para o Real Madrid.»

«O Newcastle tem um xeque, o Real Madrid construiu um estádio»

Valdano abordou entre outros temas também alguma perda de supremacia do Real Madrid e destacou o projeto falhado da Superliga, bem como a recente aquisição do Newcastle pelo fundo soberano da Arábia Saudita:

«Os adeptos do Newcastle foram para a rua celebrar [a venda do clube]? O mesmo fizeram os do Valência quando chegou Peter Lim. Quando chega o dinheiro e te salva, agarras-te a isso. Ninguém nasce neoliberal, até ficar bem na vida. [...] O Newcastle tem um xeque e nós [Real Madrid] construímos um estádio. Isso dá ideia da desproporção entre um clube e o outro. Essa é a nossa resposta. E é a adequada. Florentino Pérez entendeu o desafio do futuro e está a tentar que o Real Madrid gere receitas todos os dias do ano. É com essas armas que o Real Madrid poderá competir. Nos anos 50, o presidente Santiago Bernabéu criou um estádio com capacidade para 120 mil pessoas quando não havia nem cimento e só depois trouxe os heróis. Vejam agora o Barça: contratou por cento e tal milhões Griezmann, Dembélé, Coutinho… E agora tem de construir um estádio e não pode.»

Sobre a Superliga Valdano diz-se convencido de que é «muito difícil» que o projeto vingue: «Falta um elemento essencial: o futebol inglês. Os adeptos viram perigar a sua competição interna e isso gerou anticorpos.»