Nos últimos anos, cresceu a aposta dos clubes portugueses na contratação de jogadores provenientes do mercado sul-americano a baixo custo. Muitas foram as vozes ligadas ao futebol luso a criticar o exagerado número de estrangeiros que atuam no nosso campeonato.

No início da temporada, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional reavivou o conceito de equipas B nos principais clubes portugueses com o consequente alargamento da Liga de Honra, de forma a defender o jogador português.

Para preservar a essência das equipas B, o organismo determinou nos regulamentos que, em cada encontro, 10 dos 18 elementos inscritos na ficha de jogo teriam de ser formados localmente.

FC Porto, Benfica, Sporting, Sp. Braga e V. Guimarães optaram por criar as suas equipas B, juntando-se ao «sobrevivente» Marítimo. As formações secundárias seriam uma reversa mas na atual conjetura económico-financeira surgiram mais oportunidades que o esperado para alguns jogadores.

De qualquer forma, chegando ao final da presente temporada, o balanço é positivo?

Ricardo e Tiago Rodrigues dão lucro

No Dragão, apenas Sebá e Tozé tiveram, ainda que escassas, oportunidades na equipa principal. Vítor Pereira recorreu aos jovens da equipa B numa fase crucial da temporada em que perdeu soluções no setor ofensivo.

No Minho, a necessidade de reduzir a folha salarial acabou por marcar a temporada do V. Guimarães. As saídas de vários elementos consagrados (João Paulo, Edgar, Nuno Assis, Pedro Mendes, Nilson, etc) abriram espaço para a subida de jovens ao plantel principal.

Ricardo foi aposta desde a primeira hora, tal como Marco Matias, seguindo-se nomes como Paulo Oliveira, Kanú, Luís Rocha ou Tiago Rodrigues. A reconstrução de um plantel não foi impedimento para alcançar a final da Taça de Portugal.

Tiago Rodrigues e Ricardo acabariam por render 2 milhões de euros ao Vitória, garantindo a transferência para o F.C. Porto na próxima temporada. Será uma inversão na aposta preferencial no mercado externo?

No Sp. Braga, as várias lesões que assombraram o plantel durante esta temporada obrigaram à chamada de Aderlan Santos, um central de 24 anos que recolheu elogios na reta final da época, juntamente com Palmeira, Mauro e Manoel.

André Almeida sim, Miguel Rosa não

A Sul, o Benfica aproveitou André Gomes e André Almeida que começaram na equipa B e foram chamados ao plantel principal devido às lesões de Carlos Martins e Aimar. André Almeida foi, sobretudo, opção para os flancos da defesa. Os jogadores foram utilizados na Liga e nas competições europeias.

Por outro lado, Miguel Rosa conquistou sete prémios de melhor jogador da Segunda Liga em oito possíveis mas nunca foi chamado por Jorge Jesus ao plantel principal. O médio ofensivo marcou 17 golos ao longo da competição.

Quanto ao Sporting, as dificuldades financeiras e as trocas de treinadores (com Jesualdo a recorrer com assuidade à equipa B) motivaram a utilização de jovens jogadores, destacando-se Tiago Ilori, Eric Dier e Bruma. Ricardo Esgaio, jogador polivalente de 20 anos, marcou 17 golos ao serviço da equipa B, sendo o segundo melhor marcador da II Liga, mas teve poucas oportunidades.

O Marítimo manteve a aposta dos últimos anos, sempre com resultados interessantes.

Será este o caminho para o futuro do futebol português?