Veia goleadora afinada foi o que não faltou no Torneio Silva Lopes, que durante uma semana, juntou em Bragança os jogadores sub-14 das associações de futebol de todo o país. O Maisfutebol foi falar com dois dos melhores marcadores da prova - o melhor acabaria por ser Leandro Cardozo, jogador da AF Coimbra autor de cinco golos - e conta-lhe um pouco da história destes jovens craques.

Fomos procurar Sérgio Bastos, que na manhã do penúltimo dia de prova encabeçava a lista de marcadores. O jogador de Aveiro estava em campo, mas não passava despercebido. A claque, uma das mais ferrenhas da prova, gritava constantemente: «Serginho, Serginho». Mas naquele jogo, o avançado não fez o gosto ao pé. Apesar da vitória, a equipa de Aveiro não se apurou para a final e por isso, foi com um sentimento agridoce que o jovem falou com a nossa reportagem.

«É um orgulho poder representar a seleção de Aveiro, é uma experiência muito boa. E marcar golos sempre foi o meu sonho», contou, com a timidez própria de quem não está ainda habituado a falar para os gravadores da imprensa. «É uma sensação muito boa marcar um golo, ainda por cima em jogos tão difíceis», explica.

Com apenas 10 anos prestou provas no Benfica, mas é ao serviço do Mourisquense que o jovem avançado tem feito o gosto ao pé. A humildade é uma característica que salta à vista e por isso, apressa-se a acrescentar: «Eu marco golos porque a equipa contribui».

Questionado sobre a sua referência no mundo do futebol, não hesitou: «O Cristiano Ronaldo. Sempre quis ser como ele e aprendo muito com ele como pessoa e como jogador».

Sérgio Bastos tem 14 anos e já tem 10 anos de futebol. E o futuro? Os pés parecem estar bem assentes no chão: «Primeiro está o futuro, depois logo se vê como é no futebol. Às vezes basta ter sorte». Mas se o futebol não for a profissão a seguir, o desporto, será o caminho: «Professor de educação física, por exemplo».

Vontade posta à prova

Leandro Oliveira é outro dos jogadores que tem acertado com as redes adversárias. Falámos com o extremo-esquerdo da AF Braga numa altura em que comemorava a passagem à final da competição, frente à Associação de Lisboa, que tem vencido sempre nos últimos anos.

Do Formelães, Leandro saltou para o V. Guimarães, na época passada, o que o obrigou a ir viver para a residência do clube vitoriano e viu a vida mudar. «O nosso dia-a-dia é ir para a escola, descansar um pouco quando chegamos e depois é treinar às 19:30»

«É complicado. Os pais estão longe, sentimos falta dos amigos que deixamos para trás», conta. É desmotivador? «Este ano senti-me um pouco desmotivado, mas se quero ser jogador de futebol, tenho que passar por isto. E o que eu quero é mesmo ser jogador de futebol».

O jovem explica que até nem costuma marcar muitos golos ao serviço do clube. «Correu melhor este torneio». «É muito bom marcar um golo», explica, com um sorriso enorme a romper a timidez.

A inspiração vem de um craque brasileiro que tem dado que falar: Neymar. «Identifico-me muito com ele e aprendi a utilizar a velocidade como ele». Um sonho para o futuro: «Representar o Sporting».