Portugal-Hungria deste sábado (19h45), da quinta jornada da do Grupo B da fase de apuramento para o Mundial de 2018, é um jogo especial para Bence Bíró: «O que eu queria mesmo era que ambas as seleções se apurassem para o Campeonato do Mundo...»

Bíró é o único jogador húngaro a atuar nas competições profissionais do futebol português. «Nem sabia disso», reconhece o próprio em conversa com o Maisfutebol desde a concentração da seleção húngara de sub-19, que esta sexta-feira joga na Áustria o segundo jogo da qualificação para o Europeu deste escalão.

O ponta-de-lança de 18 anos representa o Vitória de Guimarães e fez nove jogos pela equipa B na II Liga, mas recentemente tem ajudado a equipa de juniores na fase final do campeonato da categoria: os vimaranenses ocupam o segundo lugar, à frente dos três grandes e no encalço do líder Belenenses, e ele é o melhor marcador – a par de Diogo Pacheco, dos azuis do Restelo –, com quatro golos em cinco jogos.

«Costumo de dizer a brincar aos meus colegas de equipa do Vitória: “Vocês têm de dizer “obrigado” à Hungria por terem passado a fase de grupos e serem agora campeões europeus (risos)», começa por dizer, recordando o recente empate três golos no Euro 2016, que permitiu a Portugal passar aos oitavos de final da competição num jogo em que esteve à beira da eliminação.

Bíró (o primeiro a contar da esquerda na fila de cima) em representação dos sub-19 da Hungria

Nesse duelo, os capitães bisaram e, para o jovem avançado húngaro, são eles as grandes figuras das duas seleções para o jogo deste sábado no Estádio da Luz, a que vai assistir pela televisão com os colegas da seleção magiar de sub-19: «Na seleção da Hungria gosto do Balázs Dzsudzsák, extremo que é muito bom jogador e muito forte nas bolas paradas. O meu jogador preferido de Portugal? Essa é fácil. O Cristiano (Ronaldo), claro, que além de um incrível futebolista é um grande profissional e um líder. O futebol português está muito bem cotado na Hungria. Notei as diferenças quando aí cheguei: é um futebol mais tecnicista, com mais ritmo…»

«Conheço a história de Guttmann e do Fehér»

A história em Portugal deste jovem talento nascido em Veresegyhaz, a 30 quilómetros da capital Budapeste, começou foi descoberto em 2014 num torneio na Hungria em que o Honved defrontou o Vitória, lembra:

«Fiz uma boa exibição e no final o treinador Luís Castro (então coordenador do futebol de formação dos vitorianos, que hoje trabalha precisamente na Hungria) veio conversar comigo e convidar-me para ir para Portugal. Fui duas semanas à experiência no verão de 2014 e fiquei. Não conhecia nada de Portugal, mas nos primeiros dias gostei logo de Guimarães, é uma cidade bonita e as pessoas são simpáticas. Fui viver sozinho, mas entretanto fiz amigos no futebol e na escola e até já tenho namorada portuguesa (risos). Os meus pais vieram cá quatro vezes: conheceram Guimarães, o Porto… A minha mãe gostou muito. Agora, querem vir viver para cá.»

Os primeiros tempos, porém, não foram fáceis: «Não sabia uma palavra de português. Tentei durante dois anos conciliar os estudos com o futebol, até que decidi fazer uma pausa na escola; mas em breve vou fazer um exame para ter equivalência ao 12.º ano.»

Bíró tem alguma noção sobre a história dos húngaros no futebol português. «Não sabia isso da importância dos treinadores do meu país nos primeiros tempos; quer dizer, sei do Béla Guttmann, que levou o Benfica à conquista da Taça dos Campeões Europeus e também conheço a história do Miklós Fehér. Ainda hoje fala-se muito dele na Hungria.»

Ironias do destino: Fehér faleceu em campo (a 25 de janeiro de 2004) no mesmo Estádio Afonso Henriques onde agora Bíró quer brilhar.

O ponta-de-lança de 18 anos ao serviço dos juniores do Vitória de Guimarães

Este jovem avançado húngaro, que tem contrato com o Vitória até 2021 confessa que o seu objetivo imediato passa por triunfar em Guimarães: «Quero chegar à primeira equipa do Vitória o mais rápido possível e jogar um dia no Barcelona, que é a minha equipa favorita. Além disso, claro, sonho poder uma representar a Hungria num Mundial…»

Não é preciso ser já no próximo… Pois não, Bence?