Jeffrey Big Lebowski, The Dude. Os cinéfilos inveterados não precisam de explicações adicionais. É a brilhante personagem de Jeff Bridges no destrambelhado (e genial) filme dos Irmãos Coen, em 1998.

A película detalha as vicissitudes da vida errante e devotamente preguiçosa de Lebowski. Desempregado, viciado em bowling, consumidor desenfreado de marijuana e de White Russian, um cocktail poderoso.

Em Florença, The Dude é uma figura de culto e símbolo oficial de uma equipa de futebol. O seu espírito diletante e libertino vive no Centro Storico Lebowski.

Nasceu em 2010 e em cinco anos subiu duas divisões. Joga na Prima Categoria do futebol distrital toscano. «Em nome do futebol romântico e antigo, contra os ditames e as amarras do jogo moderno».
 

Quem fala assim é Simone Bartolacci, um dos dirigentes do CS Lebowski. «A nossa estrutura organizativa é horizontal, ninguém manda em ninguém, todos decidimos. E não dependemos de ninguém, de nenhum patrocinador. Somos auto suficientes e vivemos o futebol como queremos».

Bartolacci utiliza uma expressão curiosa para descrever este clube raro. «Somos um microcosmos de bom humor. Por exemplo, nos jogos em casa a nossa claque – Ultimi Rimasti (Último Reduto) - fica sempre na curva Moana Pozzi. Conhece? Não? É a mais famosa atriz pornográfica italiana».

O CS Lebowski, nascido nos escombros de uma dissidência maciça de adeptos da Fiorentina, tem recolhido razoável atenção mediática. Até já há um filme em seu louvor. Sem Jeff Bridges, mas com gargalhadas e loucura.
 
«We Love Lebowski»: o filme sobre o CS Lebowski

 

«O adepto comum não é visto como uma pessoa, mas como um cliente. A lógica do lucro alterou toda a filosofia. Até na forma como os estádios são construídos. Detestamos essa versão mercantilista do jogo e a prevalência do patrocinador sobre o clube».

Simone Bartolacci toma um discurso sério, estudado, que obriga o Maisfutebol à pergunta de um milhão de euros: mas como sobrevive o CS Lebowski?

«Organizámos festas, angariámos dinheiro através de leilões, temos amigos com algum dinheiro. E alguns patrocinadores pequenos, sim, só porque sem eles era impossível continuar».
Idealismo, sim, mas com limites.

«O futebol não é uma indústria. Para nós, claro. É paixão, amizade, convívio e partilha. É assim que pretendemos continuar a ser conhecidos».

A história do CS Lebowski começou na Piazza D’Azeglio, em Florença. Até onde pode chegar este orgulhoso microcosmos?

«Já fomos a Prato (risos). Era novembro, nevava e fomos todos em calções de praia e chinelos. Eles pensaram que estávamos a gozar, mas só queríamos ter um domingo diferente».

CS Lebowski nos playoff da Prima Categoria Toscana:



A Serie D, topo da pirâmide do futebol não profissional em Itália, está a duas subidas de distância. Essa é a meta do CS Lebowski e o sonho não parece mais distante do que uma visita de Jeff Bridges ao Campo Sportivo Comunale di San Donnino.

«Acredito que ele nos possa visitar e conhecer. É um sonho nosso, claro. Este ano não estamos bem na classificação – cinco pontos em cinco jogos – mas a época ainda agora começou».

Se o futebol do CS Lebowski for tão bom como a personagem onde se inspira, a Serie D é um objetivo demasiado modesto.

Este é o Big Lebowski, The Dude: