* Enviado-especial do Maisfutebol aos Jogos Olímpicos
Siga o autor no Twitter


Estamos no apartamento 404, torre 11, vista abençoada para o Parque Nacional da Tijuca. Por dentro da Aldeia Olímpica.

José Garcia, Chefe da Missão portuguesa aos Jogos, está ao nosso lado. A pergunta, obrigatória, arranca a conversa: «afinal, a notícia sobre as péssimas condições da Aldeia foram exageradas?». O professor sorri. «Não temos grandes razões de queixa».

Na verdade, durante as quase quatro horas de visita à intimidade dos atletas olímpicos, o Maisfutebol deteta apenas pequenos problemas.

O saneamento, pelo menos no rés do chão do prédio que Portugal partilha com Eslovénia, Turquia e Azerbaijão, é uma lástima. As sanitas entopem e as funcionárias de serviço não reagem. «Algum problema, moço? Ah, tá».

Mais à frente, à saída do restaurante principal, com capacidade para sentar 5300 pessoas, há um pequeno foco de incêndio. Rapidamente controlado e sem provocar qualquer onda de pânico. A boa vontade atenua a evidente desorganização dos voluntários do Rio2016.   

No restaurante, um espaço gigantesco, a atmosfera a meio da tarde era esta:



Para trás ficara a parte mais interessante. Pelo menos a que mais nos interessa.

Na companhia de José Garcia e do excelente departamento de comunicação do COP, o Maisfutebol sobe ao quarto piso da torre 11. A delegação nacional ocupa quatro andares, 67 quartos e 27 apartamentos. Há quartos simples, duplos e até triplos.

À entrada, uma sala de estar, ao lado a cozinha e uma pequena lavandaria. Sem vidro na janela. Uma casa de banho de boas dimensões e uma varanda com a tal vista excecional para a Serra da Tijuca. Pormenor curioso: o chão está coberto por um plástico autocolante. «Estas casas serão para vender após os Jogos. Esse plástico é de proteção».

João Sousa e Gastão Elias juntam-se ao Tour, onde já permanecia João Costa, experiente atirador, a preparar os seus quintos Jogos. Descemos para a sala de convívio, alguns pisos abaixo.

A saltadora Patrícia Mamona bebe um café, há uma televisão e uma playstation. Um espaço simpático, para descontrair.

A visita continua pelas cinco piscinas, todas pequenas, e por um mega-ginásio. Falamos com a responsável pelo espaço, uma italiana de Bolonha. «O gym foi inaugurado a 24 de julho, tem 600 peças de equipamento e tudo será doado a instituições do Rio de Janeiro depois dos Jogos Paralímpicos. 50 Personal Trainers acompanham e monitorizam tudo».

Outros detalhes curiosos: as torres de Israel e dos EUA não estão identificadas, por questões de segurança; atletas da Coreia do Norte e da Coreia do Sul convivem sem inibições; a venda e consumo de álcool é absolutamente proibida; dois lutadores da Mongólia treinam num dos jardins, centenas de quilos suados.

Da Aldeia Olímpica diz-se que é um santuário de festas, sexo e rock n'roll. Durante a alargada visita do Maisfutebol nada disto se confirmou. Ou todos se organizaram para se esconderem de nós ou mais um mito olímpico cai por terra.