*ENVIADO ESPECIAL AO MÓNACO
«Não vale estouros!» Esta máxima das peladas de bairro da nossa infância bem se pode aplicar ao Estádio Louis II, no Mónaco, onde esta noite, a partir das 19h45 portuguesas, o FC Porto joga um encontro importante da 2.ª jornada da Liga dos Campeões.
O recinto inaugurado em janeiro de 1985 para ser a casa da AS Monaco, e que entre 1998 e 2012 foi palco da Supertaça Europeia, fica no quartier de Fontvieille nos limites do minúsculo principado.
Um remate forte e desenquadrado e lá vai a bola a território francês… Basta que o esférico ultrapasse os pitorescos arcos por detrás do Secteur Populaire, a bancada descoberta no topo sul do estádio.
Nas traseiras do Louis II fica o pequeno Estádio Municipal de Cap d'Ail, ou Stade Market, onde durante todo o ano se disputa o Challenge Rainier III (exceto a final, que é no Louis II com a presença do Príncipe Alberto), o campeonato interno do Mónaco. O Market, porém, já fica em França.
Desengane-se porém quem imaginar que os limites entre o principado e a pequena cidade gaulesa de Cape d’Ail são uma fronteira convencional com checkpoints e guardas. A divisão é invisível. Neste caso, basta atravessar a Avenue des Guelfes.
Apesar de ter mais de 38 mil habitantes, o que se explica em boa parte pela isenção de impostos sobre o rendimento aos seus residentes, o Mónaco tem apenas 2,02 quilómetros quadrados. É o mais pequeno território soberano do mundo – depois do Vaticano – e o segundo maior em termos de densidade populacional – depois de Macau.
Ter uma área menor do que as mais pequenas freguesias de Porto ou Lisboa levanta um problema de espaço, que obriga alguns monegascos a procurarem território francês para se instalarem. É o caso da AS Mónaco. O incrível centro de treinos do clube foi cravado na rocha e fica em La Turbie, já em território francês. É por lá que Leonardo Jardim trabalha diariamente com Moutinho, Rony Lopes ou Falcao.
Esta noite, num Louis II que não deverá andar longe de lotar os seus 18 523 lugares sentados o Mónaco recebe o FC Porto.
Sérgio Conceição, que em março último até saiu do principado com uma pesada derrota para a Ligue 1 quando ainda treinava o Nantes (4-0), pode aproveitar a experiência de já conhecer o estádio para aconselhar Marega, Aboubakar ou Soares: «Acertem na baliza. Senão a bola vai parar a França e os três pontos não vêm para Portugal.»