* Enviado-especial do Maisfutebol aos Jogos Olímpicos
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Estendido no court, Juan Martin del Potro chora. Tapa os olhos, mascara-se, tem vergonha das lágrimas olímpicas. «Sou tímido, ali descontrolei-me». Desculpas desnecessárias para o herói argentino, finalista olímpico no torneio de ténis, depois de eliminar Rafa Nadal.

O Maisfutebol apanha-o na zona de entrevistas rápidas. Confusão, magotes de repórteres, a pergunta sai num grito: ‘Delpo, de que planeta viniste?’.

Juan Martin não esconde a surpresa. «Sou humano, estou a sofrer de cansaço. Vim de um pequeno Pueblo [Tandil] e vou… olhe, vou jantar. Estou a morrer de fome».

Del Potro é um homem de gostos simples, um cavalheiro de frases curtas e rosto enrugado por expressões de timidez. A tal timidez que o obrigou a esconder o choro profuso, após a gloriosa batalha contra Rafa Nadal no court central do Parque Olímpico.

Na final de domingo, o argentino tem Andy Murray do outro lado. Mas um homem que elimina Novak Djokovic e Rafa Nadal não pode ter «medo de ninguém». «O Andy está fortíssimo e eu também», considera o D10S de toda esta história, com a divina licença ao génio do radialista Victor Hugo Morales.

‘De que planeta viniste, Delpo?’. Arrasado por lesões, o antigo número 4 do mundo caiu na tabela ATP. Chega, de resto, ao Rio de Janeiro na posição 141ª, lugar impróprio para o talentoso gigante.

Del Potro demora uma hora a falar com os jornalistas. Ainda no court central, corre para a bancada e abraça dezenas de hinchas. «É por eles que jogo, é por eles que vou buscar esta energia que… não sei explicar, tudo me está a sair bem».

A pancada de serviço e a direita são mortais. Até Nadal, um dos melhores tenistas de todos os tempos e exímio defensor, se rendeu. «Lutei até à última gota de suor. Vou atacar a medalha de bronze. Felicito o Delpo», diz o maiorquino.

Filho de um veterinário apaixonado por râguebi, Del Potro é um gentleman em busca da ressurreição desportiva. Vencedor do US Open em 2009, semi finalista em Roland Garros (2009) e Wimbledon (2013), medalha de bronze nos Jogos de Londres (2012).

Sim, Del Potro repete o pódio olímpico. Só não sabe em que lugar. «Isto é maior do que um sonho», confessa. «É a coisa mais linda da minha carreira, nunca vivi nada tão forte».

Baixa a cabeça, pede perdão aos jornalistas, volta a emocionar-se. «Quando vi que o Djokovic era o meu primeiro adversário, bem, pensei que a esta hora já estava em Tandil a comer um asado (risos). Mamã, espera por mim!»

Juan Martin del Potro, diretamente do planeta de Tandil para o Rio. Cuidado, Murray.