* Enviado-especial do Maisfutebol aos Jogos Olímpicos
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Sinal de alarme: o adeus de Rui Bragança aos Jogos Olímpicos simboliza a solidão de muitos dos atletas portugueses na luta pela glória desportiva. 

No caso do futuro médico, nono classificado na categoria -58kgs no Rio de Janeiro, está em causa a estabilidade familiar. Rui lembra que só foi possível «investir dois anos» da sua vida porque teve o «total apoio» dos pais. Financeira e emocionalmente.

«Tóquio? Se houver condições. Não vou pedir outra vez dinheiro aos meus pais. Preciso de patrocínios e de apoios, não posso fazer as coisas à maluca outra vez. Assim não dá», avisa o atleta português, pouco depois de ficar a saber que estava fora da luta pela medalha de bronze.

«Os últimos dois anos foram incrivelmente duros. Vou limpar a cabeça e depois vejo o que farei. Foi um esforço e um investimento pessoais muito grande. Meu, do meu treinador, dos meus colegas de treino....»

Rui, atleta do Vitória Sport Club (de Guimarães), não recebe nenhuma verba do emblema minhoto. Tem a bolsa olímpica, em virtude dos bons resultados obtidos, mas mesmo essa é manifestamente insuficiente para um orçamento tão exigente.

A esperança de Rui é «abrir caminho» para o futuro e esperar que haja mais atenção mediática à modalidade. «No Irão e na Coreia há ligas profissionais de taekwondo. Vejam bem a diferença. Eu e o meu treinador já temos muitas aventuras acumuladas, dava para escrever um livro».

Apesar de tamanha dificuldade, o abandono não entra nos planos imediatos de Rui Bragança. «Não, eu adoro isto. Vocês [jornalistas] deviam experimentar. Não queriam outra coisa (risos)».

«Nós não precisamos de muito em Portugal. Basta uma pequena ajuda. Falta o reconhecimento, a aposta. Se essa aposta existir... Sem apoios temos os resultados que temos. Eu sou campeão da Europa, o Júlio [Ferreira] é campeão da Europa, temos o número quatro do mundo, eu sou o número três olímpico. Imaginem se tivermos apoios».