* Enviado-especial do Maisfutebol aos Jogos Olímpicos
Siga o autor no Twitter

Wayde van Niekerk. Tem nome de goleador holandês, mas é nado e criado no seio de uma família de classe média/alta da Cidade do Cabo, África do Sul.

A esta hora, já saberá que o jovem de 24 anos pulverizou na noite de domingo o recorde mundial do inesquecível Michael Johnson nos 400 metros.

Van Niekerk correu como nunca antes ninguém correra nesta distância. E partiu na ingrata pista 8, por fora.

Wayde é um velocista extraordinário e um homem capaz de fazer os 100 metros abaixo dos 10 segundos (9,98s), os 200 metros abaixo dos 20 segundos (19,94s) e os 400 abaixo dos 44 segundos (43.03s).

«Ainda não sei bem o que aconteceu na corrida. Ao chegar à meta olhei para o lado e não vi ninguém». O espanto no Estádio Olímpico apanhou-nos a todos, incluindo Van Niekerk, o improvável vencedor da prova.

Apaixonado pelo Liverpool - «vi a vitória contra o Arsenal por 4-3 no sábado» - e exímio jogador de poker, Wayde estuda marketing na Universidade de Bloemfontein, onde vive atualmente, e é treinado por uma bisavó de 74 anos. Ans Botha.

«É uma senhora extraordinária», disse na conferência de imprensa, com o Maisfutebol presente. «Ajudou-me muitos nos últimos anos. Ela, o Usain Bolt e o treinador Glen Mills. Foi importante ter passado um período na Jamaica com eles também».

400 metros: recorde de Michael Johnson pulverizado por Van Niekerk

Essa temporada nas Caraíbas deixou Bolt impressionado e Van Niekerk preparado para estas lutas. A partir de agora, «o céu é o limite» e esse limite será «forçado sempre que correr».

«Deixei tudo nas mãos de Deus. Ao cortar a meta foi nisso que eu pensei: o privilégio de poder estar aqui e correr contra estes verdadeiros heróis», continuou Wayde, ainda desconfortável perante a normal curiosidade dos repórteres.

Deus ajudará Wayde, naturalmente, mas o ADN também é capaz de ser útil. Os Van Niekerk são apaixonados por desporto. O avô de Wayde foi maratonista, o pai especializou-se no salto em comprimento e jogou râguebi, a mãe foi velocista.

Nos Jogos Olímpicos, de resto, o ouro de Van Niekerk não foi o primeiro da família. Cheslin Kolbe, integrado na seleção sul africana de râguebi de sete, conquistou a passada semana a medalha de bronze. 

43.03 segundos em 400 metros: uma marca do outro mundo! Na pista 8. Até Michael Johnson aplaudiu.