A ’Euro 2016 Network’ reúne órgãos de comunicação social de vários pontos da Europa para lhe apresentar a melhor informação sobre as 24 seleções que vão disputar o Europeu de França. O Maisfutebol representa Portugal nesta iniciativa do prestigiado jornal Guardian. Leia os perfis completos das seleções que participarão no torneio:

Por Michal Petrák,. Follow him here on Twitter:

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«Análise tática e questões chave»

A característica marcante que Pavel Vrba trouxe para a equipa nacional dos seus anos de sucesso no comando do Plzeň é a organização. Em termos de qualidade individual, nem o Viktoria nem a República Checa podem igualar conjuntos como o Atlético Madrid, o Nápoles ou a Holanda, mas os homens de Vrba foram capazes de vencê-los.

O treinador, um antigo defesa, gosta de atacar e joga em 4-2-3-1, com criatividade no meio e velocidade nos flancos. Ele gosta de transformar os alas ou médios ofensivos em (defesas) laterais (ou escolher jogadores convertidos por treinadores anteriores) e usar a velocidade e o instinto deles. É esse o caso com Pavel Kadeřábek ou Theodor Gebre Selassie no lado direito e com David Limberský ou Daniel Pudil à esquerda.

Ultimamente, Vrba tem escolhido alas mais inclinados a vir também para o meio – jogadores como Jiří Skalák, Bořek Dočkal ou Josef Šural, que gostam de deixar os flancos e entrar em posições de remate proporcionando espaço para que os homens que jogam atrás deles avancem.

A equipa está muito bem organizada e pode pressionar alto ou defender em bloco. Com Espanha, Croácia e Turquia no grupo, a República Checa é muito mais propensa a usar a segunda abordagem – uma outra razão é a falta de velocidade no centro da defesa, o que significa que, quando a equipa pressiona, os centrais não avançam como idealmente deveriam deixando um perigoso vazio entre eles e o meio campo.

A República Checa também é forte nas bolas paradas. Há vários jogadores que podem transformar uma bola morta numa bola muito animada e há uma série de bons cabeceadores também. Vrba gosta de surgir com jogadas inovadoras e um de seus adjuntos, Karel Brückner, é um mestre dessa arte.

Petr Čech é um jogador chave, a sua experiência inestimável. Com a «Golden Glove» da Premier League na mão pelo maior número de jogos no campeonato 2015/16 sem sofrer golos, o guarda-redes chega a França com confiança em alta e em boa forma.

Outro componente vital da equipa é Tomáš Rosický. Ninguém pode igualar a sua criatividade, embora ele tenha sofrido com lesões e a equipa teve de habituar-se a viver sem ele. O capitão jogou metade dos dez jogos da qualificação (W3-D1-L1) e a seleção não entrou em colapso na sua ausência (W4-D0-L1).

Sem Rosický, a República Checa luta para conseguir abrir equipas que defendem baixo – é exemplo a derrota por 1-0 com a Escócia num amigável em março – mas, os checos não vão encontrar adversários desse tipo na fase de grupos do Euro.

O que pode esperar-se, então, deles? Contra a Espanha e a Croácia – equipas que preferem manter a bola – são suscetíveis de permanecer baixos e usar a velocidade nos flancos para contra ataques. No último jogo do grupo, contra a Turquia, em que pode estar a lutar por qualificar-se para os últimos 16, A República Checa vai ser muito mais proativa. Ir para além da fase de grupos não está certamente fora do alcance.

Onze provável: Čech; Kadeřábek, Sivok, Kadlec e Limberský; Darida e Plašil; Dočkal (Skalák), Rosický e Krejčí (Šural); Necid.

Que jogador vai surpreender no Euro 2016?

Tomáš Rosický

De acordo com os céticos ele está acabado; o seu corpo nunca vai recuperar o suficiente para jogar profissionalmente de novo; depois de 20 minutos pela primeira equipa do Arsenal nesta temporada e alguns jogos na equipa de reservas pode estar apto para jogar no Euro. A sério? Rosický tem repetidamente mostrado que pode recuperar o ritmo imediatamente, mesmo após longas ausências. Ele será novamente o coração e o cérebro da equipa.

Que jogador poderá ser uma deceção?

Tomáš Necid

Ele pode ser a personificação dos problemas que a República Checa tem no ataque. Matěj Vydra não joga regularmente no Reading, David Lafata é mais adequado para o papel de arma secreta a partir do banco e Patrik Schick é inexperiente: então, Necid vai ser a primeira escolha. No entanto, o alto e lento homem golo não é a solução ideal contra equipas como a Espanha ou a Croácia. Além disso, ele marcou seu último golo pelo Bursaspor em 6 de fevereiro …

Até onde pode chegar a República Checa e porquê?

Oitavos de final

De acordo com o ranking da FIFA, a República Checa é o outsider do Grupo D e um jogo contra a Espanha é um arranque muito difícil. No entanto, os checos gostam de jogar contra equipas que atacam e têm demonstrado que conseguem recuperar de uma derrota na abertura – os checos perderam o primeiro jogo em 1996, 2000 e 2012 e não passaram apenas numa vez (em 2000). E esses foram tempos em que apenas os dois primeiros classificados passava.

«Segredos por detrás dos jogadores»

Por Tomáš Podvín

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Ladislav Krejčí

O médio é um grande patriota e tem no ombro uma tatuagem de São Venceslau, o padroeiro dos checos. «É porque eu realmente amo a República Checa. Na minha opinião, Praga é a mais bela cidade da Europa», disse uma vez. Poderia estar no seu caminho para a Inglaterra. Foi fortemente relacionado com uma transferência para Newcastle no verão passado por cinco milhões de libras (cerca de 6,5 milhões de euros) – o falecido Pavel Srníček descreveu-o como «um muito, muito bom atacante, um verdadeiro entertainer»

Tomáš Rosický

Todo sabem que o guarda-redes Petr Čech frequentemente toca bateria. Mas o balneário checo está cheio de músicos. Tomáš Rosický também gosta de música rock e toca guitarra. Uma vez que apareceu no palco com a banda checa Tři Sestry (Três Irmãs) como guitarrista. O seu álbum favorito – e a música – é «Master of Puppets» dos Metallica ", disse o jogador do Arsenal: «Tem tudo o que eu gosto na música de metal. Um grande riff, fica mais lento e grandes guitarras.»

David Lafata

Marca muitos golos e ele adora rematar. David Lafata é um caçador amador. «É o meu passatempo, adoro a paz na floresta. A caça é a melhor forma de descanso para mim», disse uma vez. Lafata é tão apaixonado por caça que foi caçar no estrangeiro passando férias numa floresta do Canadá.

Pavel Kadeřábek

O seu avô Václav Vrána também ganhou a liga checa com o Sparta Praga. E o próprio Pavel Kadeřábek é como um Iker Casillas checo. Por quê? Ele está noivo da modelo Tereza Chlebovská, que trabalha como repórter para «iSport.tv».

Hubník Roman

É um defesa central muito duro. Chocando-se contra ele pode-se ficar magoado e não admira porquê: Roman Hubník é um ferreiro qualificado. Ele ajudou na oficina do avô desde criança e se não tivesse tido sucesso como futebolista, provavelmente ainda estaria a criar objetos partir de ferro forjado ou de aço.

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«A figura Vladimir Darida»

Foi provavelmente o primeiro anúncio de televisão da República Checa no Euro 2016 do ano: um grupo de crianças a jogar num parque recebe a companhia de Antonín Panenka, autor do famoso penálti, e por Vladimír Darida. O mais jovem dos dois jogadores faz uma baliza com dois sacos de compras e o campeão europeu de 1976 bate um dos miúdos com a sua marca registrada.

«Não é minha praia», diz Darida do seu papel na TV com um toque de timidez que sublinha a sua posição como um anti-herói do futebol checo. «Eu gosto de futebol. Isso foi divertido, mas não é algo que eu gostaria de fazer todos os dias.» A importância do médio para a equipa nacional tem vindo a aumentar, mas é difícil encontrar uma pessoa mais terra-a-terra na lista de convocados para o Euro.

Quando o encontramos na rua não se imaginaria que é um jogador de futebol profissional; o seu aspeto leve e o corte de cabelo à menino bem comportado faz imaginar mais um estudante. Quando Darida jogava pelo SC Freiburg e foi de scooter para o treino encaixava perfeitamente na atmosfera de uma cidade universitária ensolarada em Baden-Württemberg. Agora, joga pelo Hertha, a scooter foi dispensada. Trouxe-a de Freiburg, onde andava todos os dias», diz ele. «Não era realmente seguro no trânsito de Berlim, apesar de tudo. O meu pai teve levou-a para a República Checa e eu dei-a à minha irmã.»

Darida surpreende com as distâncias que percorre numa partida – à volta de 12 ou 13 quilómetros deixam-no entre os maratonistas da Bundesliga. Seria de esperar que tal resistência viesse de mãos dadas com uma saúde de ferro, mas não é o caso com Darida. A saúde quase o fez deixar o futebol quando tinha 16 anos, pois seu crescimento parou no momento em que a dos companheiros de equipa disparou e, de repente, ficou incapaz de lidar com a fisicalidade mais exigente do jogo.

Comparações com Lionel Messi seriam exagero, mas Darida também encontrou um caminho para uma carreira internacional - só que, no seu caso, a solução estava numa dieta livre de glúten ao longo da vida. É por isso que ele tinha uma resposta inovadora para perguntas sobre os seus sonhos quando começou a emergir em Plzeň: «Um dia eu gostaria de saborear uma piza. Em Berlim conseguiu realizar esse sonho: encontrar um restaurante que serve piza sem glúten.

Definido isto, pode concentrar-se em realizar as suas ambições de futebol. O seu momento de revelação chegou aos 21 anos em janeiro de 2012, quando Petr Jiráček trocou o Plzeň pelo Wolfsburgo e Darida o substituiu impressionando de imediato. Darida enfrentou o Schalke na fase a eliminar da Liga Europa nos seus terceiro e quarto jogos completos pelo Plzeň e jogou com a compostura de um veterano e a ânsia de um cachorro.

Quatro meses de futebol de alto nível foram o suficiente para Darida ganhar um lugar na equipa de Michal Bílek para o Euro 2012. Inicialmente, entrou como reserva no estágio de pré-convocados na Áustria devido às questões de índole física de Tomáš Rosický. Darida rapidamente mostrou que era muito mais do que uma reserva – e empurrou Daniel Pudil para fora da lista final.

Então, Darida foi a surpresa; agora, está entre os primeiros nomes da lista. Ele vai ser um jogador chave, não importa qual possa ser a aptidão de Rosický. Na equipa nacional, Darida tem um papel mais fundo, criativo. A nível de clubes ele marca, em média, cinco ou seis golos por temporada. Na seleção tem apenas um em mais de 30 internacionalizações. Mas que golo foi.

Recebeu a bola a 20 metros da baliza da Letónia, tocou para o seu pé direito e atirou precisamente a ângulo. Foi o golo que garantiu o lugar da República Checa no Euro com três jogos por fazer: «Tem imenso valor para mim. Tinha tido muitas oportunidades, mas não tive sorte, por vezes, e acreditava que eu estava guardar o golo para um momento mais importante. E chegou o momento – agora podemos comemorar», disse depois do jogo em Riga.