O Sporting não fez por menos: se o grande problema são os movimentos defensivos, nada como testar a equipa frente a uma máquina de fazer golos. Um Mónaco que, recorde-se, na última liga francesa marcou por 107 vezes, a uma média superior a três golos por jogo.

Ora nesse aspeto, já se percebeu, a apresentação aos sócios correu bem.

É verdade que a equipa não conseguiu sair do jogo com a baliza inviolada, o que seria uma estreia nesta pré-época - muito por culpa de Tobias Figueiredo que fez uma enorme asneira nos descontos e isolou Guido Carrillo -, mas saiu com o mais importante, a vitória.

Foi bom? Foi. Foi ótimo? Não, não foi.

Alvalade encheu-se com mais de 40 mil adeptos sedentos de festa, mas o que tiveram para ver foi um Sporting diferente, um Sporting que defendeu muito para defender bem.

Confira a ficha de jogo e o relato ao minuto

Jorge Jesus apresentou de início um meio-campo com Battaglia e Bruno Fernandes, com Gelson Martins na direita e Acuña na esquerda.

O que permite várias especulações: Gelson, por exemplo, é intocável, tal como Rui Patrício. Acuña parte na frente de um lugar na esquerda, por outro lado. William e Adrien, por fim, não são intocáveis, até porque o mercado de transferências chama por eles.

Mas voltando atrás, Battaglia e Bruno Fernandes jogaram ao centro, com o argentino na posição de trinco. Foi aliás a maior preocupação de Jorge Jesus: também por isso foi o jogador que recebeu mais instruções. O treinador quer um Battaglia rigoroso e severo.

Com Gelson e Acuña a fechar as alas, o Sporting deu a bola ao Mónaco, juntou as linhas e fez tudo para não ser surpreendido.

Afinal de contas na Suíça os golos surgiam quase sempre em transições rápidas que apanhavam a equipa descompensada ou desposicionada.

Também por isso o jogo do Sporting não foi brilhante. Foi um jogo insensível, preciso e arrastado. A equipa tentou ser rigorosa, não cometer falhas e só depois dar asas ao desejo.

Nesse aspeto, destaque-se, valeu o suspeito do costume: Gelson Martins, claro.

O extremo entrou na pré-época a todo o gás e criou os maiores desequilíbrios do jogo. Criou por exemplo o primeiro golo, antes de Bas Dost dar para Bruno Fernandes empurrar para o fundo da baliza, e criou a maior parte das jogadas da primeira parte.

Depois teve um Podence irrequieto como sempre na frente e teve um Acuña que mostrou ter bons pés, velocidade, agressividade a defender e excelente capacidade nas bolas paradas. Um Acuña que exige mais observações, claro, mas promete ser reforço.

Bruno Fernandes apresenta-se a Alvalade e Acuña mostra pormenores

Ora também por isso, convém dizê-lo, o Sporting piorou na segunda parte, quando Jesus tirou Gelson Martins de campo e a equipa perdeu velocidade e imprevisibilidade.

Curiosamente numa altura em que o treinador lançou Adrien e William, dois jogadores muito aplaudidos, mas que contudo são curtos para levar a equipa para outro nível.

O Mónaco foi ameaçando, ameaçando, ameaçando, até que marcou mesmo nos descontos, depois de um enorme erro de Tobias Figueiredo. Curiosamente já tinha marcado na primeira parte, quando o resultado ainda estava num nulo, mas não serviu de nada porque o golo foi anulado (e bem) pelo vídeo-árbitro:  Jemerson passa à frente de Rui Patrício e estorva o guarda-redes em posição de fora de jogo.

O Mónaco, como se dizia, marcou por Guido Carrillo, mas não serviu de nada porque antes Bas Dost tinha picado o ponto, como sempre, após um canto de Acuña, ainda na primeira parte.

Feitas as contas, portanto, ficou a preocupação de Jorge Jesus em corrigir as falhas defensivas do Sporting e ficou uma exibição menos ousada do Sporting. É preciso mais? É sim senhor. Mas há que começar pela base, e saber defender é um excelente princípio.