Por: Armanda Cunha

Os resultados menos bons têm traduzido, por si só, a má fase do Leixões e a mudança de treinador anunciada esta semana evidenciou a necessidade de procurar resultados positivos, mas há algo que não falta no clube de Matosinhos: um ponta-de-lança com faro pelo golo.

Ricardo Barros tem 25 anos e nas últimas seis jornadas da II Liga marcou seis golos, facto que só o deixa descontente por nenhum deles ter sido suficiente para dar vitórias ao Leixões, que não vence na segunda liga há sete jogos e que ocupa a 22.ª posição da tabela classificativa.

Os números não mentem e o impressionante registo no último mês – após oito jornadas em branco – enchem o avançado de satisfação, levando até a uma explicação em tom de brincadeira.

«O nosso técnico de equipamentos tem passado um produto nas botas que tem dado resultados, por isso até vou continuar a colocar», disse ao Maisfutebol.

Brincadeiras à parte, Ricardo Barros confessa que os golos são fruto de «muito trabalho» e de uma vontade enorme de ajudar o Leixões. Mas a ambição de chegar a um clube de escalão superior também pode entrar na lista de motivações.

«Obviamente que a ambição é sempre de mais e jogar num clube da I Liga é o que eu quero, se dissesse que não estaria a ser mentiroso».

No entanto, o jogador formado no Paços de Brandão não pensa nisso, por agora, e só fala em «ajudar a tirar o Leixões desta situação», admitindo que trocaria os seus golos por vitórias para o seu clube.

Chegou ao Leixões no início desta época, vindo do Sertanense que disputa o Campeonato de Portugal, e a adaptação à II Liga não tem sido difícil, já que «a mudança não foi muito radical», «o futebol não é muito diferente» e a passagem para uma competição, que «requer outro calibre e outra intensidade», não foi, para si, uma surpresa.

Ao serviço do Sertanense apontou oito golos em 25 jogos e quando terminou a época já esperava ser chamado à II Liga, competição à qual se adaptou com facilidade e para perceber basta recorrer novamente aos últimos números de Ricardo.

«A adaptação correu bem, sim. Foi tranquila. É um clube muito especial, com adeptos fantásticos. Era uma mudança que eu queria e que já esperava», disse ao Maisfutebol.

O último jogo do Leixões, frente ao Sporting da Covilhã, foi «surreal». Depois de estar a vencer por 2-0, precisamente com dois golos de Ricardo, o clube de Matosinhos deixou-se empatar nos descontos (golos de Zé Pedro aos 90m e aos 93m).

«Ingrato» e «surreal» foram as palavras que o ponta-de-lança usou para descrever o que se passou no jogo do passado domingo, e garantiu que não pensou nos seus golos, mas apenas e só nos dois pontos que a equipa perdeu e dos quais precisava.

O jogo, aliás, acabou por assinar a sentença de Manuel Monteiro, que na segunda-feira chegou a acordo com o clube para abandonar o comando técnico. Sobre a mudança, Ricardo confessa que não representou nada de bom para a equipa, mas afirmou também que já trabalhou com Pedro Miguel e acredita que o técnico pode levar a equipa a bom porto.

«Mudar de treinador não é bom para uma equipa. Não estávamos à espera disso, mas faltou-nos sorte e fizemos alguns erros», admitiu. «Já trabalhei com o Pedro Miguel no Feirense e a ideia que tenho é positiva. Com certeza que veio para nos ajudar», acrescentou.

No entanto, Pedro Miguel vai ter, garante Ricardo Barros, «a ajuda de todos» para tirar o Leixões da atual situação, fala por si, e também pelos colegas, garantindo que vai existir «apoio mútuo».

Na conversa com o  Maisfutebol, o avançado repetiu diversas vezes que, neste momento, o que interessa é ajudar o clube, não descurando a vontade de continuar a marcar golos e a trabalhar para manter a fase boa, esperando que o «produto para botas» continue a ser um bom aliado, não só para si, mas também para «dar a volta à situação» e devolver o Leixões às vitórias.