Quem conhece Rinaudo diz que ele tem uma paixão louca pelo futebol. Mas tem outra: as motas. O reforço leonino chegou a correr e conseguir bons resultados. Quando Rinaudo viajou para La Plata, deixando a aldeia natal, o pai vendeu-lhe a mota. Rinaudo nunca mais voltou a correr, mas nem por isso largou essa paixão pelas corridas.

Ricardo Glorio foi para o Gimnasia com Rinaudo e levado pelo mesmo olheiro. Foram viver juntos para um quarto de pensão e partilharam todos os momentos até que Rinaudo começou a jogar na equipa principal, mudou-se para um apartamento e fez dessa casa o ponto de encontro de amigos.

Rinaudo, tão forte que até venceu o azar

«Encontrávamo-nos lá e passávamos muito tempo juntos. Então o Rinaudo comprou uma playstation para jogarmos, mas não comprou jogos de futebol. Achava que devíamos distrair-nos: só jogávamos jogos de corridas de carros e motos. Ele era louco por esses jogos. E ganhava sempre, era muito competitivo.»

O resto do tempo era passado à volta do chá... e bolachas. «Bebíamos mate e íamos comendo bolachas enquanto falávamos. Conversávamos da família, de como corriam os treinos, das nossas vidas», conta. «A verdade é que desfrutávamos do tempo livre com muita, muita calma. Gostávamos de relaxar.»

Ricardo Glorio ainda tentou ser jogador de futebol, mas hoje está apenas numa equipa amadora. Na última época jogou em Itália, na Série D. Mas regressou à Argentina para jogar apenas por prazer. Para trás deixou a formação em La Plata, no Gimnasia y Esgrima, onde chegou apenas com quinze anos.

Com Rinaudo partilhou a adolescência e a passagem para a idade adulta. Viveu história de amizade, e de saias. Até ao dia em que o reforço leonino se chateou com ele, por causa da namorada. «Foi uma brincadeira que fiz e que deixou o Rinaudo furioso. Andou uma série de dias sem falar comigo», conta.

«Tínhamos ido a um bar: eu, ele e as nossas namoradas. Então eu aproveitei um instante em que eles estavam distraídos, peguei no copo do Rinaudo e despejei a bebida na cabeça da namorada dele. Olhei para o lado, a disfarçar, e ela pensou que tinha sido ele. Pegou no copo e atirou-lhe com a bebida à cara», sorri.

A namorada de Rinaudo saiu furiosa e o jogador do Sporting culpou sempre Ricardo. «Andamos uns dias em que falava com ele e ele não me respondia. Mas sabia que aquilo lhes passava. Por dentro só me ria», conta. «Tenho saudades desses tempos e saudades do Rinaudo. É um grande amigo», acrescenta.