As contrariedades na vida de Rinaudo não são novas: o médio leonino já passou por um longo calvário de lesões quando estava a iniciar a carreira. Aconteceu na Argentina, ainda nas camadas jovens do Gimnasia, e obrigaram-no a ficar parado durante dois anos. Chegou até a pensar terminar a carreira.

Fez mais do que isso: virou costas ao futebol e regressou a casa dos pais. Quando chegou, disse à mãe que não aguentava mais. «Foram dois anos e meio a levantar-me só para ir ao médico. Dormia, comia e levantava-me para ir ao médico outra vez. Era uma loucura», recordou Rinaudo numa entrevista.

Por isso mesmo, a mãe de Rinaudo sabe que o filho vai voltar a ultrapassar o drama que uma lesão grave provoca. Demore o tempo que demorar. «O meu filho é um leão, sempre foi. Está triste, mas sabe que terá todo o apoio do clube e das pessoas que mais gostam dele», referiu ao Maisfutebol.

Nesta altura em que uma lesão irá parar o médio por três meses, é impossível não recordar o susto na alma que uma contrariedade destas significa para Rinaudo.

Pablo de Blasis era um dos melhores amigos de Rinaudo e ajudou-o a voltar ao futebol. Nesta altura ainda joga no Gimnasia e quando atendeu o telefone já sabia do que se tratava. «Sim, a notícia já chegou aqui a La Plata», conta.

«Estamos todos muito apreensivos, é algo que nos preocupa. O que se comenta aqui é que ele vai ficar parado até Junho. Ainda falei com ele há poucos dias e estava muito contente, as coisas corriam-lhe bem. Mas enfim, estamos sempre sujeitos a uma lesão e não é o fim. Ele vai regressar forte como sempre.»

Rinaudo, tão forte que até venceu o azar

Pablo De Blasis cresceu com Rinaudo nas camadas jovens do Gimnasia, conhece bem o jogador leonino e diz não haver risco de Rinaudo cair novamente num calvário de recaídas. «Naquela altura o que aconteceu foi muito psicológico, teve duas lesões graves seguidas e ficou com medo de não as ultrapassar.»

«Foram meses muito dolorosos para ele. Mas ele é um rapaz sincero, que teve os seus problemas com lesões mas que os ultrapassou com muita bravura. Agora está um jogador consolidado, tem uma família muito boa que o apoia em tudo e tem a força das orações das pessoas que gostam dele aqui em La Plata.»

Martin Saggini assina por baixo. Era o treinador que o orientava na altura das lesões e foi eleito por Rinaudo como a pessoa mais importante na sua recuperação psicológica. A amizade ficou desde esses tempos e ainda por estes dias o médio leonino gosta de se aconselhar com Martin Saggini: falam todos os meses.

«Ele hoje é um jogador forte em todos os sentidos e este é apenas mais um percalço num caminho que não tem sido nada fácil mas que reforça o espírito de um grande lutador. Tem força de vontade, tem uma família bárbara que o vai ajudar todos os instantes, por isso vai ultrapassar isto facilmente.»

O espectro da perseguição de lesões graves que o arredaram dos relvados durante dois anos, aos quais se junta agora mais uns largos meses, não o ameaça. «É um jogador mais maduro. Cresceu, é internacional argentino e sabe que o caminho ainda é longo», conta.

«Estes primeiros tempos não vão ser fáceis, vai sentir-se isolado e triste. Mas tem o apoio da família, tem aí a viver com ele o Lucas Santiletti, que é um grande amigo e um apoio importante, e com a força de todos vai recuperar bem.»

Por isso em La Plata todos acreditam que o filho querido da terra, que viram crescer desde os quinze anos, vai regressar pronto a contagiar toda a gente com a energia dele. Mónica Rinaudo, a mãe, é a voz da certeza optimista. «Já o conheço e sei que, não tarda nada, vai começar a fazer maluquices e a apressar o regresso. Não consegue estar parado na cama.»