* Enviado-especial do Maisfutebol aos Jogos Olímpicos
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Filipe Lima chega ao buraco número dez bem posicionado. Caminha pelo green, prepara a próxima pancada, levanta a cabeça e… vê um jacaré. Dorminhoco, imóvel, mais interessado no lago do que nos golfistas. Gostos não se discutem.

«Medo? Não, acho que ele até me bateu palmas». Filipe Lima brinca com o passeio pelo mundo selvagem, ecossistema protegido e controlado na Barra da Tijuca, bem perto de Jacarepaguá. Claro.

18 buracos desenhados por uma equipa portuguesa, relvados perfeitos, desporto e natureza em comunhão. O Maisfutebol chega e acompanha outro golfista português, Ricardo Melo Gouveia, no buraco número 9.

A organização estabelece quatro pancadas como indicador. Entre o shot de arranque o alvo distam 337 metros. Ricardo completa o percurso com cinco pancadas, uma acima do par.

O madeirense troca várias impressões com o caddie, Nicholas Mumford. Falam do vento, da inclinação do campo, da melhor forma de abordar a próxima pancada. E o Maisfutebol pergunta: afinal, qual a função oficial de um caddie?

A golfista Serena Christiansson, norte-americana do Arizona, é uma das técnicas presentes e explica-nos.

«Bem, um caddie não é só o tipo que carrega os tacos», começa, consciente do estereótipo comum associado à função. «O caddie é uma espécie de orientador. Faz a leitura do campo, mede a intensidade do vento, é confidente e conselheiro. E, sim, também carrega os tacos».

A prova decorre, 60 golfistas, o australiano Marcus Fraser a dominar a manhã (oito pancadas abaixo do par) e o golfe a reaprender o que é ser olímpico. A modalidade estava há mais de um século afastada dos Jogos.

No final do primeiro de três dias de competição, Filipe Lima está bem colocado e Ricardo Melo Gouveia tem tudo em aberto. Jogaram golfe, viram jacarés («pelo menos um») e corujas.

Luiz Carlos, motorista do Rio2016 e morador na zona, dá o toque precioso, naquele jeito que só os cariocas sabem ter. «Animais selvagens? Tudo tranquilo, zonas controladas. ‘Bem, mas tomara que não haja onça, né?».

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