E de repente, sem ninguém dar por ela, o Rio Ave volta a surpreender. A formação de Carlos Brito já ultrapassou o V. Setúbal e o Marítimo, por exemplo, instalando-se na sexta posição. Mais do que isso, começa a morder os calcanhares aos grandes. O Benfica, esse, que se cuide. Os vila-condenses estão mesmo ali atrás a meros três pontos de distância. Um novo deslize, coisa que já não surpreende ninguém tão estranho está este campeonato, e a humilde formação das Caxinas apanha a águia.
Um atrevimento? Sem dúvida. Mas um atrevimento para todos. Mesmo F.C. Porto e Sporting, os primeiros classificados, levam apenas seis pontos de vantagem sobre o agora sexto classificado. Seis pontos que nos dias que correm se ganham ou perdem num pequeno estalar de dedos. E se o Rio Ave fosse mais além do que a luta pela Europa? Chegasse à luta pela Liga dos Campeões, por exemplo, este ano aberta a três equipas...? Utopia? Talvez. Mas apenas talvez.
Basta dar uma vista de olhos pelos números para perceber que o impossível é, neste caso, mesmo nada. A formação de Carlos Brito já somou 28 pontos, dezoito deles em casa e oito fora. Longe de Vila do Conde, em 27 pontos possíveis, a equipa já perdeu dezanove. E apenas ganhou uma vez, no Bessa, curiosamente, na única derrota dos axadrezados em casa, mais uma prova da vertigem do Rio Ave pelas conquistas difíceis. Bastava ter um pouco mais de atrevimento em outros jogos e o espanto seria outro.
Mas há mais. Olhando para o calendário da segunda volta nota-se que a equipa vila-condense joga em casa com F.C. Porto, Benfica, Boavista, Sp. Braga e Marítimo. À excepção do Sporting, portanto, os outros sete primeiros jogam todos no estádio dos Arcos. Onde o Rio Ave ainda não perdeu, é a única equipa com o Marítimo a ter esse mérito, e onde já mostrou ser muito, muito forte. A segunda metade da prova apresenta-se por isso teoricamente mais fácil que a primeira, com deslocações mais acessíveis e mais jogos em casa, dez contra apenas sete fora.