O F.C. Porto afogou as mágoas, não tirou todas as dúvidas mas, do mal o menos, ganhou confiança. Nada melhor que uma vitória para começar a esquecer a precoce eliminação na Liga dos Campeões, a meio da semana em Madrid, mas o triunfo portista não foi tão esclarecedor como poderia ter sido. Sobretudo por uma primeira parte titubeante. Ainda assim ficou o clamor de uma equipa no segundo tempo: não desistam ainda deste grupo.

Tentando um argumento diferente para um final, também ele, distinto, desta vez ninguém pode acusar Paulo Fonseca de não ter mudado. Mesmo que, no campo, o esquema tenha sido, para dizer o mínimo, próximo daquele que defende desde o início, os protagonistas foram outros e isso fez toda a diferença.

Carlos Eduardo, a maior surpresa do onze, fez de Lucho e o argentino foi parceiro de Fernando. O jogo da equipa passou mais pelos seus pés mas, no entanto, foi o brasileiro contratado ao Estoril a ditar leis. Mexeu com o jogo, abanou a equipa e empurrou-a para a frente. Vagabundo: ora pelo centro, ora à esquerda, ora à direita. Esteve muito em jogo e foi uma das chaves, se não a principal, para a tela mais fresca que se viu.

Problemas? Havia, claro. A mudança não foi total. Lucho ficou a dever algum fulgor ao jogo e os extremos, esta noite Varela e Licá, sendo aquilo que Fonseca tem mais perto de «verdadeiros» flanqueadores, continuam a mostrar-se escassos para uma equipa que tem tanta bola, que tem de mandar no jogo do princípio ao fim.

O golo de Maicon, logo aos 7 minutos, após livre de Carlos Eduardo, até deu a tranquilidade que a equipa precisava para encarar o jogo. O F.C. Porto parecia mais solto e o Rio Ave não se encontrava.

Ainda não falámos da equipa de Nuno. E é justo que assim seja. Até empatar, o Rio Ave não existiu. Ou melhor, só defendeu. Na primeira vez que chegou à área contrária, porém, marcou. Perda de bola de Varela, Edimar arranca, combina com Diego Lopes e marca.

A incapacidade portista para gerir vantagens voltava a ficar exposta. Mudava-se o argumento, o final era o mesmo.

Varela aparece, Kelvin desbrava, Danilo decide

A piorar tudo, o golo sofrido atrapalhou o F.C. Porto. O que foi uma surpresa porque o jogo parecia controlado.

É certo que Maicon atirou ao poste mas, tal como no golo, só em lances de bola parada os portistas criavam perigo. O Rio Ave, mantendo o estilo, ameaçava o segundo, por Braga, após boa combinação com Diego Lopes. Valeu Helton.

O que mudar no descanso? Para Nuno, nada. Para Paulo Fonseca, também. O técnico portista confiou na aposta inicial e pediu mais aos mesmos. Teve-o.

Varela descobriu forma de partir os rins a Lionn e centrou de forma perfeita para Jackson que, na primeira verdadeira oportunidade que teve no jogo, não falhou. A posição do avançado levantou algumas dúvidas mas é um adiantamento tão ténue que não faz sentido crucificar o assistente.

O F.C. Porto, que marcara aos sete da primeira parte, repetia-o aos sete da segunda. E voltava a ficar por cima.

Logo a seguir Carlos Eduardo descobriu Licá ao segundo poste e Ederson evitou o golo da confirmação. Mas o Rio Ave não saía do seu meio campo, continuava controlado pelo conjunto portista e o terceiro parecia uma questão de tempo.

Já com Kelvin em campo. O brasileiro foi a primeira opção de Paulo Fonseca no jogo. Entrou para o lugar de Licá e, pouco depois, correu com a bola até à área. Marcelo travou-o, Carlos Eduardo atirou o livre contra a barreira e Danilo, que estava por ali, encheu pé na recarga vitoriosa. Ponto final.

Missão cumprida. Sem classe,mas com nota positiva. A diferença para o Sporting, líder, volta a ser de dois pontos e o F.C. Porto volta a ganhar fora, o que já não acontecia desde outubro. Para início de nova fase não está mau. Esperam-se os próximos capítulos porque ninguém pode ter ainda certezas absolutas sobre esta equipa.