A figura: Wires

Poderia não ter feito mais nada no jogo que aquele pontapé para golo já merecia todo o destaque. Numa fase em que a contenda parecia mais divida que nunca, Wires separou as águas. Sem recurso a bastão, truque de magia ou prece exaustiva. Um pontapé e muita fé. Um grande golo para um grupo a precisar de momentos de glória. Terminou o jogo de cabeça ligada e equipamento novo, tanto foi o sangue que derramou. Mas com o mesmo discernimento com que pautou os 90 minutos.

A desilusão: Luís Carlos

Habitualmente figura de destaque pelos melhores motivos, passou ao lado do jogo em Vila do Conde. Há dias assim. Hugo Vieira também teve uma tarde desastrada, mas leva o mérito de tentar. Esteve mais em jogo. O brasileiro, habitual companheiro de tropelias, foi muito mais discreto. Preso, ineficaz. Um jogo para esquecer.

O momento: Yazalde coloca o ponto final

Minuto 53. O Gil Vicente nunca tinha parecido tão inferior ao Rio Ave que apenas um golo servisse para acalmar as hostes locais. Mas a equipa de Carlos Brito, num contra-ataque fulminante, sentenciou o encontro. Mérito para Christian Atsu, o persistente municiador. Glória para Yazalde, o certeiro finalizador. Dois golos já permitiam outro descanso.

Outros destaques

Christian Atsu

Diabruras nos flancos para dar e vender. Caiçara e Daniel tiveram trabalho redobrado quando apanharam o jovem extremo emprestado pelo F.C. Porto pela frente. Velocidade e vertigem. Técnica apurada, precisão no passe e um ou outro remate perigoso. Christian teve tudo isso esta tarde e ainda assistiu Yazalde para o segundo golo. Cada vez mais a ter em conta.

Tarantini

Simples e eficaz. Quase não se dá por ele, mas foi de importância vital a segurar André Cunha e a lançar de imediato o jogo vila-condense. Parceiro perfeito para Wires.

Júnior Caiçara

Melhor a atacar do que a defender, foi, ainda assim, o melhor da linha defensiva gilista, que revelou francas dificuldades com a velocidade contrária. Ter um destro do lado esquerdo dá um resultado curioso na hora de atacar. Os cruzamentos é que foram a pecha.

Richard

O melhor do Gil Vicente na primeira parte, não voltou para a segunda. A desvantagem no marcador, a vontade de mexer e o amarelo tiraram o maestro gilista da segunda metade. Antes, entregou, por duas vezes, a Roberto a hipótese de marcar, mas o compatriota não teve a arte suficiente para decidir. Carrilou muito jogo para a frente, ora transportando a bola, ora entregando de imediato aos extremos. Tentou, enfim, ser o elemento chave do jogo gilista. Faltou precisão.