Quem conhece o Estádio do Rio Ave sabe que há sempre uma pergunta a colocar antes de um jogo que lá se realize: vai estar muito vento ou pouco vento?

A hipótese de nem sequer correr uma brisa quase não se coloca e a verdade é que elemento, característico do microclima existente na zona do recinto vila-condense, costuma ter um papel determinante no decorrer das partidas.

Isso voltou a acontecer neste empate entre Rio Ave e V. Guimarães.

A qualidade do futebol ressentiu-se e, apesar do maior pendor ofensivo dos vila-condenses, a equipa da casa não conseguiu imprimir um ritmo continuado ao seu futebol ofensivo, muito por culpa do tal vento dominante.

Mas é claro que isso não explica tudo. O que é estranho é que o fator vento continue a ser um fator tão relevante nas partidas em Vila do Conde.

Mais ambiciosa, a equipa da casa parecia estar mais perto da vitória. Mas falhou sempre no momento da verdade. Douglas, autor de uma exibição admirável, foi outro «culpado» do nulo vila-condense.

O V. Guimarães surgiu com algumas surpresas. Rui Vitória lançou diretamente Abdoulaye e Tiago Rodrigues no onze e confirmou André Santos como opção prioritária no meio-campo.

A surpresa foi ter relegado Leonel Olímpio para o banco: o médio é só o «capitão» do conjunto vimaranense, mas tendo em conta que Moreno se manteve no onze, Rui Vitória teve que abdicar de um dos seus elementos chave.

O Vitória parecia demorar a entender-se no novo sistema e a primeira parte foi mais do Rio Ave. Mas a demora do vila-condenses em assumir o controlo da partida foi fazendo o Vitória acreditar.

O resto teve a ver com aqueles momentos em que o futebol é pródigo: uma coisa é «jogar», outra coisa é «marcar».

O Rio Ave pode ter jogado mais que o V. Guimarães, mas nos momentos finais sobreveio a maior qualidade individual de André Santos, que num lance de mestria ofereceu o golo ao recém-entrado André.

Tiago Rodrigues, que dera o lugar o André, não estava em campo no momento do 0-1, mas terá sido dos vimaranenses com mais motivos para festejar. O modo como, na primeira parte, mostrou ter condições de se assumir como novo «10» dos vimaranenses poderá fazer Rui Vitória mudar o seu modelo de jogo.

Não havia tempo para o Rio Ave reagir e assim uma história que tinha tudo para terminar em 0-0 acabou num improvável triunfo vimaranense.