O Rio Ave está impedido de inscrever jogadores até ao final de 2023, depois de ter sido sancionado pela FIFA pela alegada inscrição irregular de Fabrice Olinga, o que está a causar «grandes dificuldades» no planeamento da nova temporada, como admitiu a futura presidente do clube, Alexandrina Cruz.

«Internamente, dizemos que vamos ter duas épocas numa só. Uma até dezembro e outra depois do mercado de inverno, embora sabendo que esse período não costuma ser muito proveitoso. Estamos a analisar alguns jogadores, com a possibilidade de os contratar agora, mas só os inscrever em janeiro, mas não é fácil porque quem vem, quer jogar», confessou a dirigente em entrevista à agência Lusa, embora tenha deixado a garantia de que o clube «vai conseguir formar uma equipa competitiva».

O treinador Luís Freire renovou até 2025, naquilo que foi, no seu entender, «um voto de confiança no trabalho realizado nas duas últimas épocas». Contudo, os vilacondenses têm a necessidade de vender jogadores neste verão.

«O desafio maior é ter a necessidade de vender e não poder inscrever novos jogadores. Faz-me lembrar a época da descida de divisão, e os valores que vinham para cima da mesa, mas, desta vez, temos de fechar tudo o que é possível, porque não temos outras portas a abrirem-se», afirmou, tendo ainda admitido que já recebeu manifestações de interesse em alguns jogadores, nomeadamente o médio Guga e o defesa Costinha, mas garantiu que «até à data não surgiram propostas concretas».

«Temos alguns jogadores com mercado, mas também precisamos deles para jogar. O Rio Ave recebe cinco milhões de euros dos direitos televisivos, mas tem um orçamento de 12 ou 13 milhões. É fácil perceber que temos de fazer vendas», sublinhou.

«Descemos de divisão com o orçamento mais caro da história do Rio Ave, e isso contribuiu para um défice grande, porque com uma performance desportiva menos boa também não vendemos jogadores», acrescentou.

Alexandrina Cruz considera também que é «fundamental» que o clube de Vila do Conde se transforme numa SAD e tenha a entrada de «um investidor externo», que injete «capitais elevados».

«Os sócios têm de saber que isso é algo para o imediato, e não para os próximos anos. Vamos promover uma assembleia geral extraordinária para os associados perceberem o que implica para o clube tomarem, ou não, essa decisão [de criar uma SAD]», disse.

«Temos procurado soluções, e temos algumas já avançadas e com sustentabilidade. Defendo que o clube, numa primeira fase, deve ficar com a maioria [do capital social], mas percebo que quem entra numa SAD quer ter a maioria. Estamos a negociar e a analisar soluções. Mas é fundamental a entrada de um investidor e de capitais externos elevados», acrescentou.

A futura presidente do Rio Ave será eleita nas eleições agendadas para 1 de julho e vai render no cargo António Silva Campos, que presidiu o clube durante 13 anos consecutivos, e que agora decidiu não se candidatar devido a problemas de saúde.