Por estes dias só se fala em obras atrasadas, problemas nas ruas e muita indefinição tendo em vista o campeonato do mundo de futebol, mas o Brasil enfrenta uma outra dor de cabeça, potencialmente com repercussões mais devastadores: os Jogos Olímpicos.

Isto porque o Rio de Janeiro não está a conseguir resolver todos os problemas relacionados com as infraestruturas e a dois anos do evento ainda muito há a fazer, o que preocupa seriamente o Comité Olímpico Internacional (COI). Os atrasos levaram o vice-presidente John Coates a lançar um duro ataque aos organizadores, dizendo mesmo que o que se está a passar na «cidade maravilhosa» é pior do que sucedeu em 2004 em Atenas.

As condições existentes são, na opinião do australiano, «as piores» que já viu e quem fala é alguém com envolvimento nas organizações olímpicas dos últimos 40 anos.

Discursando no Fórum Olímpico em Sydney, o elemento que faz parte da Comissão de Coordenação do Rio2016 mostrou-se «preocupado», alegando que a cidade brasileira «não está preparada em muitos aspetos». Algumas sedes desportivas nem sequer têm obras iniciadas, a contaminação da água é uma preocupação real e os «problemas sociais» são uma ameaça.

«Não há plano B e por isso o COI criou uma equipa especial para acelerar os preparativos, mas a situação é crítica no terreno», disse o vice-presidente do Comité Olímpico sobre a situação do Rio2016. O vídeo, em inglês e sem legendas, é elucidativo:



O COI viu-se forçado a reforçar a equipa presente no país para que tudo possa ocorrer dentro dos prazos previstos. «Existe muito pouca coordenação entre o Governo federal e o central e a cidade, que é responsável por muitas das construções», acrescenta, dizendo que as cerca de 600 pessoas envolvidas no projeto não têm experiência na organização de eventos desta magnitude.

«A situação é crítica e ninguém é capaz de dar respostas neste momento», frisou, não escondendo o tom grave nas acusações: «A cidade também tem problemas sociais que precisam ser resolvidos. O COI formou uma equipa especial para tentar acelerar os preparativos, mas a situação é crítica. O COI adotou uma postura de mãos na massa, que não tem precedentes. Estamos muito preocupados, porque eles não estão preparados em muitos, muitos aspetos. Temos de fazer que aconteça e é essa a nossa abordagem daqui para a frente. Não podemos abandonar isto».

Os primeiros Jogos na América do Sul têm sido afetados por inúmeros atrasos, devido a greves e falta de coordenção, o que tem aumentando os custos de construção. As dificuldades de comunicação entre o Governo federal, as estruturas regionais e os organizadores também têm sido motivos de crítica por parte das instituições internacionais.

Depois do Mundial as dores de cabeça não vão terminar e os dois anos seguintes vão ser de luta constante, mas o jeitinho brasileiro acabará por resolver, nem que seja à última hora.