Quando chegou a Portugal, Roberto Brum encontrou uma Académica afundada na tabela. O brasileiro lembrou então um episódio da história, para sublinhar que tal como a Fénix renascida das cinzas também a Académica iria renascer. «A águia ainda vai voar bem alto», referiu na altura. Premonição ou não, a verdade é que a Briosa fez onze jogos sem perder e acabou por salvar-se da descida bem antes da recta final.
No início de outra época, que começa precisamente com a recepção ao Benfica, interessava saber se também este sábado, no estádio Cidade de Coimbra, a águia vai voar. Roberto Brum percebeu a provocação e soltou uma gargalhada. «Desta vez a águia não pode voar», sorriu. «Neste jogo temos de podar as asas da águia». Assim mesmo, sem tirar nem pôr. «Não vamos deixar o Benfica levantar voo».
Falando depois mais a sério, o brasileiro diz que o favoritismo está do lado do Benfica. «E porquê? Pelos números. Porque é o campeão nacional, porque tem o maior número de adeptos, porque tem mais dinheiro». Esse favoritismo termina porém antes do apito inicial do árbitro, sublinha. «Dentro de campo são onze homens contra onze homens correndo atrás de uma bola com o objectivo de vencer o jogo. E isso acaba com qualquer favoritismo. Tem sucesso quem trabalhar melhor e com mais competência».
Ora a vontade de trabalhar melhor e com mais competência da Académica, jura, é enorme. «Até agora roemos o osso, sábado vamos comer o filet-mignon», revela. «Até agora fizemos o trabalho árduo de pré-época, sábado vai ser o bom, o dia do jogo, do espectáculo. Estamos numa fase de crescimento muito boa e o Benfica que me desculpe, tenho muito respeito pela sua grandiosidade, mas a Académica tem condições para surpreender qualquer adversário em qualquer terreno. Incluindo o Benfica».
«Não vou nem olhar para a cara dos adversários»
Em Coimbra chamam-lhe mesmo a parede. No meio-campo é ele que dá a força. Interessava por isso saber como prevê o confronto directo com Petit, Beto e Manuel Fernandes. «São três jogadores com grande qualidade, mas eu não olho nem para a cara deles. Eu procuro fazer o meu melhor sem pensar se é o Beto, se é o Petit, se é o Manuel Fernandes, se é o Zé ou se é o João», referiu. «Se me preocupar com o trabalho deles, já estou a inferiorizar-me. A mentalidade de um campeão tem ser a de tomar sempre uma atitude e não estar a pensar impedir a atitude do outro. Não vou estar a pensar em correr atrás deles o tempo todo, vou é pensar pô-los a correr atrás de mim».