Robinho pode muito bem ser a surpresa de Felipão para os 23 do Brasil no Mundial.

Jessica Corais, jornalista brasileira sediada no Rio de Janeiro, revela à
Maisfutebol Total: «Desde que chegou à seleção pela segunda vez, há um ano, Felipão sempre quis o Robinho. Não tem Ronaldinho ou Kaká: o nome sempre foi o Robinho».

A ideia não deixa de causar alguma surpresa, tendo em conta que, até agora, Robinho esteve sempre fora das opções de Felipão.

Mas Jessica insiste: «O Felipão quer muito o Robinho na Copa de 2014. Sempre quis. Ele só estava esperando um motivo para convocá-lo, o que aconteceu. Felipão sabe que precisa de experiência para o mundial e Robinho encaixa exatamente neste perfil. É um jogador animado, ótimo de grupo, querido pelos atletas, experiente, conhece muito bem o Neymar (ambos jogaram junto no Santos) e é um jogador de estrela dentro da seleção. Entra e marca golos importantes.»

Aos 29 anos, muitos anteciparam que os melhores dias do avançado brasileiro do AC Milan já tinham passado.

Mas com a saída de Neymar do Santos para o Barcelona, o Peixe desejou Robinho para compensar a perda da sua «Joia». À última hora, o negócio não se fez, mas curiosamente parece ter ganho um novo fôlego em Itália.

Mesmo assim, a hipótese Robinho para a seleção do Brasil era uma ideia quase esquecida. Scolari não o colocou nas escolhas nos primeiros meses da sua segunda era como selecionador do escrete.

No êxito da Confederações, o nome de Robinho nem sequer foi aventado nas hipóteses, muito menos nas escolhas finais.

Mas um conjunto de impedimentos das principais escolhas ofensivas do escrete abriu a possibilidade do regresso de Robinho ao escrete.

E o atacante respondeu com uma bela exibição e um golo decisivo para a vitória frente ao Chile, na despedida do Brasil no ciclo de particulares em 2013. Robinho voltou a marcar pelo Brasil, depois de mais de dois anos de jejum, e até ultrapassou o recorde de Pelé nos duelos com o Chile, passando a somar nove tentos nessa conta pessoal.

O «não» de Diego Costa foi bom para Robinho

Miguel Lourenço Pereira, co-autor do livro «Noites Europeias - Uma Histórias das Competições Europeias de Clubes» e especialista em futebol internacional, aponta, em declarações à Maisfutebol Total, Robinho como o principal beneficiado da escolha de Diego Costa por Espanha: «Robinho é o grande beneficiado do caso
Diego Costa . Scolari é um treinador que valoriza muito o espírito de grupo e é dificil imaginar que apareçam muitos nomes novos a partir de Janeiro entre os mundialistas», refere o jornalista.

«Dentro da linha de ataque, conscientes que Hulk e Neymar são fixos, há três ou quatro lugares que vão ser disputados pelos sete/oito jogadores habitualmente convocados por Felipão desde que voltou (Fred, Jô, Leandro Damião, Pato, Lucas, Bernard/William e Robinho) e ele está nesse grupo», reforça Miguel Lourenço Pereira.

Milan melhor que Santos?

Para Robinho, terá sido melhor ficar no AC Milan ou seria preferível ter ido para o Santos, clube que o formou e que tentou contratá-lo, para compensar a saída de Neymar para o Barça?

Miguel Lourenço Pereira pondera: «Apesar de o regresso de vários nomes importantes à liga brasileira tenha contribuido para os aproximar da seleção, Scolari conhece bem o futebol europeu e não vai ser "populista" nesse sentido. Neste Milan sem estrelas, Robinho tem uma
oportunidade única para brilhar. Com o Balotelli e o El Shaawary pode formar um trio ofensivo bastante complementar e ainda que os rossoneri não estejam a viver a sua melhor etapa, um bom arranque de 2014 de Robinho num clube com tanto prestigio pode ser um cartão de visita mais importante com vistas ao Mundial do que ser protagonista num Santos onde, é preciso não esquecer, talvez estivesse mais exposto ao estilo de vida que interrompeu a sua promissora carreira».

Jessica Corais vê a continuidade em Itália como
benéfica para o jogador: «A questão dele ter permanecido foi importante para ele. O Santos passa por uma grande reformulação e talvez isso pudesse atrapalhá-lo. Além disso, é necessário que ele mantenha um futebol de alto nível na Europa. Isso é extremamente importante para o mundial. Creio que dificilmente Robinho não tenha vaga para a Copa, se mantiver o que vem jogando e manter o perfil».

Não é Neymar mas ainda pode ser decisivo

Quando o Santos esteve a um passo de contratar Robinho, para o lugar de Neymar, Klaus Richmond, jornalista que cobre o Santos para o portal «Terra» e «freelancer» da revista desportiva brasileira «Placar», observava ao Maisfutebol: «São jogadores com características diferentes. O Robinho já não tem a velocidade que tinha em 2002 ou mesmo em 2010 quando regressou ao Santos. E não se pode pedir ao Robinho que vá resolver todos os jogos, como o Neymar fazia no Santos».

A verdade é que, num Brasil que parece estar demasiado dependente da genialidade de Neymar, Scolari pode estar a ver em Robinho uma boa alternativa de alguém que tem experiência, estatuto e qualidade reconhecida: tudo fatores que sempre foram caros a Felipão.

O «Rei da Pedalada» não foi o que prometia

Nascido a 25 de janeiro de 1984, em São Vicente, litoral de São Paulo, Robinho cedo se destacou pela qualidade com que dominava a bola, nos jogos de rua que fazia na zona carenciada onde cresceu.

Ainda com cinco anos, já era chamado de «Menino da Vila». Aos seis, começou a jogar no Beira-Mar. Com nove, foi jogar futsal para o Portuários, onde marcou 73 golos.

O desempenho levou-o ao futsal do Santos, passando a integrar as categorias de base, na época supervisionada por Pelé. O «rei» rende-se de imediato ao talento de Robinho.

A estreia na equipa profissional do Santos foi em jogo grande, frente ao Corinthians. A equipa da Vila Belmiro venceu por 3-1. Prenúncio de uma importante conquista do Peixe,em 2002, quando o Santos quebrou um jejum de 18 anos e obteve o título brasileiro, com uma equipa de então jovens promessas: além de Robinho, também Diego, Elano e Léo.

De «Menino da Vila», Robinho passou a ser o «Rei da Pedalada»: a sua velocidade foi imagem de marca dentro do campo.

Em 2005, dá-se o grande salto na carreira de Robinho: do Santos passou para o colosso Real Madrid, então recheado de galáticos como Ronaldo, Roberto Carlos, Zidane, Raul ou Beckham (Figo estava de saída para o Inter de Milão). Em Madrid, festejou dois títulos e foi uma das figuras da equipa.

Mesmo assim, começava a vigorar a ideia de que Robinho não iria ser a estrela internacional que muitos auguraram.

Em 2008, Robinho protagoniza transferência milionária para o Manchester City. Na temporada de arranque, faz 14 golos e surge como melhor marcador do City. Mas a época seguinte não arranca bem: desentendimentos com o técnico do conjunto inglês fá-lo regressar ao Santos.

Mas o regresso à Europa não demoraria a acontecer: Robinho foi para o Milan. Nos últimos três jogos, faz 22 golos em 85 partidas (abaixo do que as suas credencias exigiriam).

Na primeira época em Itália, ajuda os «rossoneri» a festejarem o título transalpino, sendo o segundo melhor marcador da equipa. 

Será que esta nova vida de Robinho no escrete lhe garantirá ainda um Mundial em 2014?

Vídeo: o melhor do Robinho