Já deixou os relvados, mas continua igual a si próprio. Romário de Souza Faria não é apenas um dos melhores avançados da história do Brasil e do futebol mundial. É também uma das grandes personagens. A entrevista publicada pela «Globo» neste domingo prova isso e o Maisfutebol deixa-lhe o resumo.

Começamos por Luiz Felipe Scolari, na altura seleccionador brasileiro, e o alegado motivo por que não levou o «Baixinho» ao Mundial-2002: «A história foi que eu tinha tido relações sexuais com uma aeromoça (hospedeira) antes do jogo com o Uruguai, pelas eliminatórias, em Montevideu. Aliás, foi o único jogo que fiz pela selecção com o Felipão. Isso foi em 2002, e hoje estamos em 2010. Poderia muito bem dizer que isso tinha acontecido. Mas não aconteceu. Se fiquei fora da Copa por causa disso, perdi duas vezes. Não fui à Copa e não comi a aeromoça, que era a maior gostosa.»

Ora, Romário tem historial com o sexo feminino e revela-o. «Uma vez acabou o jogo, e tive de ficar para o exame antidopagem. Era contra o Corinthians, se não me engano, logo que comecei no Vasco. Demorei muito para fazer o xixi. Quando saí do vestiário, uma namorada minha estava-me esperando. Aí, voltei para o balneário do Vasco, para tomar banho. Só tinha a minha roupa e um segurança à porta. Fiz sexo com ela no vestiário do Maracanã. E já tinha tomado banho (risos).»

As guerras, os murros e Dunga

Romário podia ser baixinho, mas não era de se ficar, ou furtar a uma luta. Episódios e mais episódios foram relatados. Agora, pela voz do campeão do mundo de 1994. «Teve aquela briga com o Andrei (defesa do Fluminense) dentro de campo contra o São Paulo. Com o Edmundo nunca foi de mão, não. Com o Sávio eu empurrei, dei uma chapada nele e ficou por isso mesmo. Com Jorge Luís, briguei no vestiário. Também foi assim com Júnior Baiano e com o Ronaldão... Só arrumei porrada ruim para mim: Jorge Luís, Júnior Baiano, Ronaldão (risos). Esses são os caras... Se você perguntar se me arrependo, a resposta é não. Mas hoje não faria. A cabeça é outra.»

Conflituoso como poucos, o «baixinho» fala dos treinadores e aponta o dedo a dois: «O Gílson Nunes, quando me retirou da selecção sub-20, antes do Mundial de 85, não foi firme comigo. Confiou numa conversa de um supervisor. O cara entrou numa sala do hotel em que estávamos concentrados. Eu, Müller e Denílson estávamos mexendo com as meninas que passavam lá em baixo. O tal supervisor deu o flagrante no Denílson e no Müller, pois eu estava no banheiro na hora. No fim, só eu fui retirado.» Com Vanderlei Luxemburgo, Romário diz que ambos erraram e que acabaram «por prejudicar o Flamengo».

Por fim, um elogio. A Carlos Dunga, seleccionador do Brasil e que foi campeão do mundo com Romário, em 1994, e não só. «Sou suspeito para falar do Dunga, porque quase toda a gente foi contra ele quando o colocaram no cargo. Orgulho-me em dizer que sempre acreditei. Ele conhece como poucos a selecção. Nós conhecemo-nos em 1987, no Vasco, e começámos a respeitar-nos. Lembro que, uma vez, a equipa estava a sofrer muitos golos e houve uma reunião em São Januário. Roberto (Dinamite) e Tita disseram, sem citar o meu nome, que havia jogador mais novo que precisava de correr mais. Dunga interrompeu e disse que, se o recado era para o Romário, podiam estar tranquilos que ele correria pelos dois, porque só eu é que estava a fazer golos. Mas discutimos várias vezes, um xingamento de um e do outro. Mas com respeito.»

Romário, igual a si próprio, mesmo que já não marque golos em baliza nenhuma.