Cristiano Ronaldo é um fora de série e os números que ostenta na seleção são prova disso mesmo. Na sexta-feira, com o «hat-trick» na Irlanda do Norte, chegou aos 43 golos, ultrapassou a marca de Eusébio (41) e cortou a distância para o ainda líder Pauleta (47). Além disso, aos 27 anos, já soma 106 internacionalizações, ameaçando também as marcas de Fernando Couto (110 jogos) e Luís Figo (127). Tudo isto depois de dez alucinantes anos a jogar com a camisola das Quinas.

A primeira vez aconteceu a 20 de agosto de 2003, num jogo em Chaves com o Cazaquistão. Premonição ou não, substituiu Luís Figo.

Pelo caminho já ultrapassou os cem jogos e foi o mais jovem de sempre a fazê-lo: foi o terceiro português a chegar à marca centenária, igualando os feitos de Luís Figo e Fernando Couto.

No entanto, e este é um dado importante, ambos atingiram a marca das cem internacionalizações já depois dos 30 anos, enquanto Ronaldo o fez com 27. Ele que tem batido constantemente recordes da seleção. Fernando Couto, por exemplo, já era trintão quando chegou aos 50 jogos.

Ora nesse sentido, torna-se óbvio que Ronaldo tem tudo para pulverizar o recorde de Luís Figo, certamente já depois de ter pulverizado todos os recordes de golos. Já ultrapassou o «rei» Eusébio e é possível que até ao final da fase de qualificação para o Mundial, com jogos em casa com Israel (11 de outubro) e Luxemburgo (15 de outubro), bata também a marca dos 47 golos de Pauleta. Ronaldo já soma 43, mas três do que Figo e mais dois que Eusébio.

O avançado do Real Madrid confirma um percurso que o deverá levar a bater todos os recordes, seis anos depois de se ter tornado o mais jovem a atingir as 50 internacionalizações, com 22 anos, muito menos do que o anterior recordista, precisamente Figo, que tinha chegado lá aos 26 anos.

Ronaldo tinha 18 anos quando se estreou na seleção portuguesa: no particular com o Cazaquistão (1-0), a 20 de agosto de 2003, foi aposta de Scolari, substituindo Figo após o intervalo. Figo, ele mesmo, que se tinha estreado com a mesma idade, a 12 de outubro de 1991, pela mão de Queiroz.

Logo depois da estreia, Ronaldo mereceu a confiança de Scolari para se tornar titular no jogo a seguir, num particular com a Albânia, mas voltou depois ao banco. Foi suplente, aliás, nos dois primeiros jogos do Euro 2004. Só no terceiro encontro, com a Espanha, se tornou titular absoluto.

Portugal precisava de ganhar, e ganhou. A partir daí Ronaldo afirmou-se como jogador do onze inicial. Tanto assim aliás que só por três vezes ficou no banco, dois dos quais eram amigáveis. Com Ronaldo, Portugal nunca falhou a fase final de um grande campeonato: da Europa ou do Mundo.

O extremo conta aliás com uma final e uma meia final em campeonatos da Europa (2004 e 2012, respetivamente) e conta com uma meia final num Mundial (2006). Com 18 anos foi incluído na equipa da UEFA de 2004 e com 20 anos foi eleito o segundo melhor jovem do Mundial 2006.

Ora na eterna discussão sobre o melhor jogador português de todos os tempos, os números começam a dar razão a quem defende que Ronaldo acabará por ficar acima de Eusébio e Figo. Isto apesar de, por exemplo, Eusébio ter precisado de apenas 64 jogos para marcar 41 golos na seleção.

Na galeria de imagens, pode recordar os dez grandes momentos de Cristiano Ronaldo na seleção:

- 20 de Agosto de 2003: como tudo começou...

- 12 de Junho de 2004: o primeiro golo, triste e com lágrimas

- 20 de Junho de 2004: o início de um imenso reinado

- 13 de Outubro de 2004: o primeiro bis de Ronaldo, aos 18 anos

- Portugal-Inglaterra, Mundial de 2006: Ronaldo, um líder aos 20 anos

- 13 de Outubro de 2007: 50 vezes Ronaldo na seleção

- 29 de Junho de 2010. «Assim não, Carlos»

- 17 de Novembro de 2010: Espanha de rastos

- 17 de Junho de 2012: dois golos à Holanda e vitória por 2-1

- 6 de Setembro de 2014: primeiro «hat-trick» para ultrapassar Eusébio