Rúben Ribeiro é um daqueles jogadores capazes de levantar um estádio com um grande golo depois de dizer adeus a uma legião de adversários, um 10 na melhor aceção do termo.

É por isso que deixou os olhos da crítica arregalados diante do Benfica e cresce em Aveiro, enquanto confia na capacidade de Costinha em torná-lo melhor, ajudá-lo a ganhar maturidade e regularidade.

Esta nem foi a primeira vez em que terá impressionado Jesus. Quando estava no Leixões foi a Braga derrotar a equipa então orientada pelo atual técnico dos encarnados, com um autogolo de Frechaut, numa jogada à qual deu especial contributo.

Quem o conhece diz que já poderia ter atingido um patamar diferente. Sem alguns percalços, talvez com o devido aproveitamento - o novo técnico beira-marense, lá está, terá aqui um papel decisivo para «descodificar» o mundo deste talento emergente -, poderia estar, quem sabe, num daqueles clubes de ponta cá do burgo.

Rúben Ribeiro passou pela Liga anteriormente, como se disse, deixando um cartão-de-visita que chegou a chamar a atenção em Inglaterra, mas caiu no esquecimento com a descida de divisão dos matosinhenses. Pelo meio, chegou a assinar pelo Nacional, mas a transferência não se concretizou.

Foi para Penafiel, após de uma época de pouca utilização no Mar, com Augusto Inácio, e depois de voltar a recuperar o brilho foi resgatado pelo Beira Mar, ainda em Dezembro, quando o Sp. Braga já o tinha debaixo de olho.

Da dispensa ao sonho

Com Ulisses Morais esteve à beira de ser emprestado em Janeiro, depois de uma primeira metade da época intermitente. Quando tudo apontava para dispensa, deu um grito de revolta com o V. Guimarães, para a Taça da Liga, no penúltimo dia do ano.

Saltou do banco ao intervalo para assinar os dois golos que haviam de fazer o empate final. Conseguiu fintar o destino. Mais uma vez. «Prefiro jogar atrás do ponta-de-lança, solto, é onde me sinto melhor. A jogar na direita não tenho o mesmo rendimento», defende-se, em conversa com o Maisfutebol.

Reencontrada a alegria com Costinha, pinta o futuro em tons de azul. «Tem sido muito benéfico trabalhar com ele, sobretudo para os médios. É uma pessoa ligada ao futebol, com um currículo invejável e imensa experiência de campo. É a nossa referência e uma motivação para nós no balneário», refere, esperançado.

«Nunca escondi que gostava de chegar a um grande. Tenho ambição e quem sabe se não irei concretizar o sonho um dia? Tenho é de trabalhar e a quem trabalha, Deus ajuda. Espero que seja assim, que seja feliz», vaticina.

Cláusula de dois milhões e contrato até 2016

Apegado ao sítio onde nasceu, e viveu, Ramalde, o estatuto de herói da rua levou-o um dia a dizer que, caso ganhasse o Euromilhões, ia buscar o bairro dele todo para ter os companheiros de infância sempre ao pé. Passados uns anos, ainda se ri de tamanha franqueza.

«Se tivesse muito dinheiro, não duvido que ajudaria bastante a minha família e amigos», admite, desvendando por que razão era tão popular na altura. «Era miúdo e já jogava no Boavista, na formação, um clube da I Divisão, que até foi campeão», recorda.

Em Aveiro, voltou a encontrar caras conhecidas, casos de Bura e Tiago Cintra, com quem jogou no Leixões. O primeiro ainda continua a ser pouco utilizado, o segundo acabou por ser emprestado ao Desp. Aves.

Já Rúben Ribeiro está a dar a volta ao texto e, além das exibições e golos, o contrato até 2016 e a cláusula de rescisão de dois milhões de euros testemunham bem a confiança que SAD do Beira Mar deposita nas suas capacidades. A seguir com atenção.