[Publicado a 09/07/11]
Cresceu a ver passar as bicicletas à porta de casa. Eram os tempos de Marco Chagas e Venceslau Fernandes na Volta a Portugal, mas também de Joaquim Gomes e Vitor Gamito, tempos mais tarde. Rui Costa não se convenceu. O novo herói do ciclismo português, vencedor da oitava etapa do Tour-2011, preferia as corridas a pé. A paixão pelos pedais chegaria só aos 11 anos.
«O meu pai chateava-me, mas eu preferia o atletismo. Competi durante dois anos nesta modalidade», contou ao Maisfutebol, ainda no autocarro da Movistar, logo após o apogeu na chegada a Super-Besse Sancy, numa das duas vitórias em etapas do Tour.
Filho de agricultores, cedo percebeu que a escola não era para ele. «Não tinha cabeça», confessa. Passava os dias no campo da família, «entretido a dar uns chutos na bola e a ajudar no cultivo». Sonho de futebolista? Nem pensar, «a habilidade não chegava». Passaram os anos e o pequeno Rui começou a dar ouvidos ao pai.
«Havia uma equipa em Vila do Conde [Guilhabreu] e certo dia lá fui. O atletismo deu-me resistência e comecei a ganhar umas coisas na bicicleta. Depois, já se sabe, as vitórias estimulam e dão força para continuar.»
Continuou. Até hoje.
Já ciclista, Rui Costa moldou o estilo na estrada e em frente à televisão. «Vibrei com o Cândido Barbosa e o José Azevedo, mas principalmente com os duelos do Armstrong e do Ullrich na Volta a França.» O norte-americano é, de resto, o seu grande ídolo. «O que ele alcançou é absolutamente extraordinário. Admiro-o bastante.»
O passado faz-se de histórias, o presente enleia-se em duelos. Duas vitórias em etapas do Tour lançaram-no para o topo do mundo, onde chegou este domingo. No mundial de ciclismo disputado em Florença, o português chegou em primeiro e ganhou o título.
Pelo meio trocou de equipa: deixou a Movistar e assinou pela Lampre. Ele que estava farto de esperar por uma aposta que não chegava. «A minha equipa terá de decidir se prefere um lugar no top-20 da geral ou mais vitórias em etapas. As duas coisas é que são difíceis», chegou a dizer.
Mudou de equipa e agora vai ver mais de perto o duelo tão particular entre Alberto Contador e Andy Schleck. «São os melhores», referiu. «Não sei em qual deles apostar.»
São os melhores, mas não são os únicos: hoje, pelo menos, o topo do mundo é dele. O futuro está à espera de outra vitórias: e Portugal também.
Percurso profissional:
2007. Benfica
2008. Benfica
2009. Caisse d'Epargne
2010. Caisse d'Epargne
2011. Movistar
Principais resultados:
2007
1º na Volta às Regiões Italianas;
7º numa etapa da Volta à Baviera;
2008
2º numa etapa da Volta ao Algarve;
5º numa etapa da Volta ao Alentejo;
5º no Campeonato do Mundo de Esperanças;
13º na Geral da Volta ao Alentejo;
2009
1º na Geral dos Quatro Dias de Dunquerque;
1º numa etapa da Volta a Chihuahua;
3º na Geral da Volta a Chihuahua;
7º numa etapa da Volta à Suíça;
13º na Geral da Volta à Suíça;
2010
Campeão Nacional de Contra-Relógio;
1º numa etapa da Volta à Suíça;
Vencedor do Troféu Deia;
2º na Geral dos Quatro Dias de Dunquerque;
6º na Geral da Volta ao Algarve;
73º na Geral do Tour;
2011
1º numa etapa do Tour;
1º na Geral da Volta à Comunidade de Madrid;
2º numa etapa da Volta a Lorraine;
4º numa etapa da Volta a Romandia;
10º numa etapa do Dauphiné Liberé
18º na geral da Volta a Romandia;
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29 set 2013, 17:00
Rui Costa: dos campos de agricultura ao topo do mundo
A história do novo herói do ciclismo nacional. «Preferia o atletismo, mas o meu pai chateou-me e lá fui para as bicicletas», revela ao Maisfutebol
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