Rui Jorge chegou ao comando técnico da Selecção Nacional de Sub-21 a 26 de Novembro de 2010 e um ano depois fez o balanço da «excelente experiência». Em entrevista à agência Lusa, confessou que é um «trabalho gratificante» e que «abdicava do Euro 2013 por dois ou três jogadores» na selecção principal.

Portugal, com mais um jogo, está a quatro pontos da líder Rússia no Grupo 6 de apuramento para o Europeu 2013 de Israel, mas Rui Jorge acredita na qualificação. Faltam ainda três jogos e os segundos melhores lugares têm acesso ao play-off.

«Obviamente que acredito no apuramento. Nesta altura não lutamos contra um adversário, lutamos por pontos. Apura-se directamente o primeiro classificado. Por isso, estamos numa luta directa com todos os outros elementos dos outros grupos. Não temos os pontos que deveríamos ter, mas também não temos os pontos que mereceríamos ter», sublinhou.

Mesmo assim, o seleccionador não esconde que não teria problema em abdicar da fase final do Euro para colocar alguns Sub-21 na selecção AA, antes do Euro 2012. «Esse é o grande objetivo de toda a formação. Conseguir ter jogadores que alimentam a selecção principal. Acredito que os jogadores estarão mais próximos de representar os AA se provarem qualidade nos escalões inferiores e isso também tem a ver com os resultados que se conseguem. Mas não tenho dúvidas. Preferia colocar dois ou três jogadores na selecção principal», justificou.

Além disso, revelou que o relacionamento com o treinador Paulo Bento é muito bom e que o seleccionador dos AA tem conhecimento do que se passa nos Sub-21: «Paulo Bento tem tido essa atenção. Já esteve em treinos de todos os escalões. Ele tem conhecimento acentuado de todos os jogadores da nossa base.»

Preocupação com estrangeiros no futebol português

Rui Jorge admitiu ainda estar preocupado com o elevado número de «estrangeiros» nos escalões de formação e, além disso, da pouca oportunidade que os jovens portugueses têm de competir nos clubes que representam em Portugal.

«Quando entrámos, há cerca de um ano, fizemos um levantamento dos jogadores juniores dos três grandes, que alimentam as selecções jovens, e havia 24 estrangeiros. Este é um número bastante elevado. Se o fazem é porque acham que em termos de clube é melhor, mas em termos de selecção não é com certeza», revelou.

O seleccionador de Sub-21 chama frequentemente alguns jogadores que já estão fora do país: Pelé (AC Milan), Rui Fonte (Espanhol), Saná (Valladolid), Mário Rui (Gúbio 1910, Itália), Pedro Mendes (Real Madrid B) ou Nuno Reis (Cercle Brugge). «Considero que temos muito potencial em Portugal. Assim lhes continuemos a dar condições para evoluírem. Muitos desses jogadores estão a procurar o exterior para terem a sua possibilidade», sublinhou.

«A competição é extremamente importante, mas terão de ser os clubes a fazer essa avaliação. Se, por um lado, treinam com os melhores que há em Portugal, por outro, em termos de competição, ficam aquém do que alguns companheiros deles têm. Acredito que, nesta altura, o crescimento é feito com competição», completa.

Antes de chegar ao comando técnico da selecção Sub-21, Rui Jorge treinou os juniores do Belenenses. As diferenças são várias, porque é «muito mais fácil, em termos técnico-tácticos, trabalhar todos os dias com os jogadores». Na selecção «há pouco tempo de treinos e de recuperação».

Em 2008/2009 teve a oportunidade de treinar equipas séniores, mas o ex-jogador do Sporting e Porto preferiu continuar a orientar escalões de formação: «Não aceitei por motivos pessoais. Trabalhar com a formação é uma coisa de que gosto muito, é gratificante. Não vejo isto como uma rampa de lançamento. Tive convites da Liga, mas fiquei seduzido, não só por o convite ter sido feito através de Paulo Bento, como também pelo próprio trabalho.»