Se Pedro Emanuel precisasse de um bom espião para o jogo de sábado, com o Sporting, teria em Rui Sampaio o melhor aliado. O médio recentemente recrutado pelo Arouca passou duas épocas sob o comando do madeirense, no Beira Mar, entre 2009 e 2011.

Subiu de divisão e, na época seguinte, na estreia como jogador primodivisionário, foi totalista no campeonato, prova cabal da importância que assumiu na estratégia do agora treinador dos leões. O bom trabalho valeu-lhe, entretanto, a transferência para o Cagliari, também uma experiência nova, a de jogar no estrangeiro.

Por tudo isto, as memórias de Rui Sampaio desses tempos assumem tons dourados. «Foram, sem dúvida, anos muito bons no Beira Mar. Subimos à I Liga e, na temporada seguinte, fiz os 30 jogos. O papel de Leonardo Jardim? Sou muito sincero, todos os técnicos me marcaram de alguma forma, tenho tido a sorte nesse aspeto», responde, diplomaticamente, o médio arouquense, em entrevista ao Maisfutebol


«Mas claro que se trata de uma pessoa muito competente, nem precisa de apresentações. Adorei estar com ele, fizemos todos um grande trabalho nesses anos, dos jogadores à equipa técnica, e também a Direção», complementa, antes de voltar ao assunto para ser um pouco mais específico, face à nossa insistência:

«Ajudou-me muito, cresci bastante com ele, e estou-lhe grato. É uma pessoa extremamente calma, mas que consegue chegar aos jogadores. Aprendi bastante, como referi, não só com ele, mas com todos os treinadores que tive.»

Sem querer individualizar, Rui Sampaio acredita que o melhor é encarar o Sporting como um todo. «Vamos ter de jogar com eles agora, será um jogo normal, que vamos encarar com muita humildade. Se será comigo em campo, não interessa. Interessa sim a equipa e que todos vão dar o seu melhor», assevera, sem grandes esperanças de vir a ser já chamado, face à chegada ainda fresca ao clube.

Em Arouca como em Vila Pouca de Aguiar

Rui Sampaio é transmontano, natural de Vila Pouca de Aguiar, terra pequena mas onde as pessoas vivem tudo com o coração. «As curvas para chegar aqui não são problema. Já conhecia Arouca, de vir cá jogar, e faz-me lembrar um pouco o sítio onde nasci», assegura.

Depois da experiência italiana, tinha como prioridade regressar a Portugal. Uma ideia construída em família e voltar ao distrito de Aveiro foi como juntar o útil ao agradável: «Apareceu esta proposta, de um clube sério, com um projeto muito interessante, e que tem vindo a dar frutos. Estou supercontente.»

Agora, é preciso recuperar o tempo perdido - estava a trabalhar na equipa B do Cagliari antes de rescindir -, e virar a página. «Estou muito motivado, com grande vontade de fazer aquilo que mais gosto, que é treinar e jogar. O Arouca tem excelentes jogadores, estão a fazer um bom trabalho, e eu serei mais um para ajudar», reconhece.

A mensagem de despedida de Rui Sampaio

Para trás ficam duas temporadas em Itália… para recordar. Rui Sampaio não é pessoa de se queixar ou de se lamentar porque não lhe deram oportunidades. Antes pelo contrário. Da experiência no Cagliari, só tem coisas positivas a dizer.

«Não era meu objetivo emigrar. Estava com a cabeça no Beira Mar, apareceu essa possibilidade, fiquei curioso, e quis experimentar. No primeiro ano, joguei e penso que correspondi. Estava a crescer, mas tive uma lesão grave, oito meses de recuperação, e isso, claro, dificulta tudo», recorda.

Seguiram-se dois períodos de empréstimo, ao Olhanense, e, justamente, um regresso à casa de partida. Sempre com um sorriso nos lábios e uma postura deveras positiva. «Cagliari é um sítio muito bom para viver, as pessoas foram magníficas, foi outra cultura, outra língua, uma ótima aprendizagem.»

«Cresci bastante e apreendi muita coisa junto de jogadores que passaram por grandes clubes. O Astori, que é da seleção italiana, e veio do Milan, com o Conti, que tem mais de 300 jogos na Série A. O Radja, internacional belga, que foi agora para a Roma, para já não falar do Pinilla, que passou pelo Sporting», enumera.

Do Calcio para a serra da Freita, numa fita já gasta naquela zona do mapa futebolístico nacional. Também anda por lá quem tenha vindo do Barcelona, do Tottenham ou do Celtic. O Arouca pode ser visto como um pequeno, mas não há dúvidas de que sabe pensar em grande.