Rui Vitória nasceu em Alverca e começou no futebol pela mão do pai, aos 9 anos. Encerrou a carreira de jogador aos 32, depois de ter passado por Fanhões, Vilafranquense, Seixal, Casa Pia e Alcochetense.

Licenciado em Educação Física pela Faculdade de Motricidade Humana, foi professor durante largos anos na Escola Secundária Gago Coutinho, na terra natal. Pelo meio, aos 42, iniciou-se como treinador no Vilafranquense.

Seguiram-se os júniores do Benfica, o Fátima, o P. Ferreira e o V. Guimarães. A ambição acompanha-o.

Iniciou-se como treinador aos 32 anos e tem agora 42. Faz um balanço positivo?

«É um balanço muito positivo. Deixei de ser jogador numa segunda-feira, no Alcochetense, e iniciei a minha carreira de treinador no dia seguinte, terça, 1 de outubro de 2002, no Vilafranquense. Mas nunca pensei na carreira de treinador, em chegar à primeira Liga ou isso, nunca fiz previsões do que quer que seja. As coisas foram acontecendo de forma natural. Quando saí de casa para treinar o P. Ferreira, pensei: 'alto, isto agora é mesmo a sério'. Nunca fiz cenários, como agora não faço, mas sou sempre ambicioso, todos os dias, quando perco até fico meio adoentado. Ainda assim, não fico obcecado. Se conseguir trabalhar mais acima, que é um dos objetivos que tenho, fico contente. Se não conseguir, estou muito bem aqui.»

No futuro, gostaria de treinar a seleção nacional, por exemplo?

«Lembro-me de ser campeão da III Divisão e sentir uma alegria imensa, o sucesso é sempre relativo. Há cinco ou seis anos pensaria que já era muito bom estar no Vitória. Neste momento, é natural a pessoa pensar que podia haver algo mais. Estes dez anos foram de formação como treinador, vim para o Vitória porque precisava de uma massa adepta grande, com exigência de vitórias. Agora, a seleção, treinar um clube de Liga dos Campeões, faz parte da ambição de um treinador. Mas não vivo obcecado com isso. Se conseguir levar este clube a esses patamares mais elevados, melhor ainda.»

Foi essa ambição que o fez ir para o Vitória, saíndo do P. Ferreira no final de uma pré-época?

«Em Paços fizemos uma época fantástica e fiz amigos para a vida. Mas, naquele momento, surgiu a oportunidade e o Vitória tem a dimensão de um grande. Quem treina o Vitória, está preparado para tudo. Estamos na antecâmara de treinar um clube a um nível muito elevado. Não se pode dizer que não a um clube como o Vitória.»

Foi difícil deixar a sua região há três anos e vir para o Norte do país?

«Só quando vim para Paços de Ferreira é que sai da minha região. Mesmo quando treinava o Fátima, ia e vinha de casa todos os dias. Tinha algum receio, porque em 40 anos nunca tinha saído da região. Mas não me custou nada, foi algo muito positivo, adoro estar no Norte e sinto-me perfeitamente incluído nesta cultura.»

Nessa altura, deixou também de ser professor...

«Tinha duas paixões na vida: dar aulas e ser treinador. Consegui concretizá-las, no Fátima até fazia as duas coisas ao mesmo tempo. Quando vi para o Norte, deixei isso, mas sinto-me agora mais realizado como treinador que professor»

A experiência que teve na formação do Benfica foi importante para abordar agora esta realidade do Vitória?

«Foi importante. Fui para o Benfica porque precisava de saber como pensa um jovem de um clube grande e como funciona um clube grande. Optei por representar o Benfica porque entendi que me fazia muito bem passar por essa formação. Mas passados dois anos, não quis ser rotulado como treinador de jovens e saí. Gosto de trabalhar jovens e tenho feito isso em todos os clubes. No Paços por exemplo tive o Pizzi, o Nélson Oliveira, o David Simão.»