Karl-Heinz Rummenigge defende que é preciso uma «revolução» na organização do futebol. O alemão, presidente da Associação Europeia de Clubes (ECA) e líder executivo do Bayern Munique, critica directamente a FIFA e os seus dirigentes, que se têm visto envolvidos em sucessivas suspeitas de corrupção.

Rummenigge representa a organização que sucedeu ao G14, o grupo que reunia muitos dos grandes nomes do futebol europeu, mas diz que a sua posição tem apoio maciço. «Não são apenas os clubes de topo, são todos», diz.

«Não aceito mais que sejamos liderados por pessoas que não são sérias e limpas. É altura de intervir. Porque saber que algo está errado obriga-nos a mudar», disse o ex-internacional alemão ao «Guardian», defendendo que é altura de «reconhecer que é tempo para a democracia, transparência e equilíbrio certo na família do futebol» e falando em «processo diário de corrupção» na FIFA.

«O Sepp Blatter diz que está a fazer uma limpeza, mas o facto de ninguém acreditar nele diz-nos tudo o que sabemos. Não estou optimista porque eles acreditam que o sistema funciona na perfeição. É uma máquina de dinheiro, Mundial após Mundial», prossegue, ao mesmo tempo que diz não acreditar que o processo de mudança possa ser liderado pelas Federações nacionais: «O sistema actual é feito para as Federações e votado por elas. Não vão contra a FIFA.»

Para Rummenigge, não basta ter um representante dos clubes no Comité Executivo da FIFA: «Eu iria mais longe. Todos os protagonistas ¿ clubes, federações, jogadores, árbitros e futebol feminino ¿ têm o direito de se ver envolvidos no processo de decisão.»

Por fim, o dirigente insiste no discurso dos clubes contra os excessos do calendário internacional: «Quando ganhei o Europeu (em 1980), havia oito equipas na fase final. Esse número vai triplicar em 2016. No Mundial eram 16 equipas, agora são 32. Os clubes pagam aos jogadores mas não são parte do processo de decisões.»

E admite uma solução mais radical, como o afastamento da ECA das instâncias internacionais, se as pretensões da organização não forem aceites: «Vou-lhes dar uma oportunidade, mas estou pronto para uma revolução, se é a única forma de encontrar uma solução.»