A adaptação de Salim Cissé a Coimbra e à Académica corre sobre rodas. O facto de ter convencido desde cedo Pedro Emanuel abriu-lhe as portas da titularidade e isso, como é natural, tem ajudado o ponta de lança a uma mais rápida integração.

«Estava pronto para tudo. Sobretudo para enfrentar dificuldades, mas o importante para mim é trabalhar, como fiz no Arezzo. Não sendo um clube profissional, havia lá jogadores que já estiveram a esse nível. Conseguiu impor-me, porque não na Académica?», atira, de pronto, o guineense, levantando um pouco a ponta do véu:

Salim Cissé: dos serviços de limpeza ao encanto em Coimbra

«É sempre difícil passar de amador para profissional. A concentração e movimentos são muito importantes aqui. Ao princípio era cansativo, mas, aos poucos, consegui. O treinador dizia-me que tudo ia correr bem e que não me iam exigir que fizesse tudo certinho logo à primeira. O essencial é aplicares-te nos treinos, é ai que conta, disse-me.»

A mudança para Coimbra, confessa, apanhou-o um pouco de surpresa. «O que eu fazia em Itália era simplesmente bater numa bola e quando me propuseram Portugal, pensei muito. Outro país, ainda nem aprendi italiano, e já vou para outro país? Deixei nas mãos de Deus. Se for bom para mim, se me sentir bem lá, com confiança do treinador e dos colegas, que assim seja. Concretizou-se.»

«Não conhecia nada. Lembro-me de ver a notícia na Sky: Cissé a Coimbra. Mas onde fica isso, perguntava-me? Rezei para encontrar boas pessoas e que tudo se passasse bem. Depois vi que a Académica tinha feito grandes jogos com os grandes e havia também vencido a Taça de Portugal. Fiquei entusiasmado», conta este fã de Thierry Henry:

Salim Cissé: os pais não sabiam que jogava à bola

«Identifico-me muito com ele, mas também aprecio outros, como o Ronaldo, Zidane ou Benzema. Se gostava de ser como eles? Não, serei o Cissé, mas aprendendo algo com eles. Por vezes, vejo o Drogba ou o Etoo, e penso naquilo que posso aproveitar deles.»

Dos três golos que apontou até agora, o mais importante, pelo alcance mediático, terá sido aquele frente ao Benfica, embora a «obra-prima» diante do Hapoel também mereça destaque. «Para mim, o futebol é a mesma coisa em todo o lado. Quer seja a nível amador ou profissional. É preciso é ter coragem e jogar», relativiza.