Os nativos adoram a Samoa Americana, alimentam o orgulho por um paraíso perdido no Pacífico, onde a vida corre devagar e a música ecoa por entre as montanhas. Lá em baixo, praias banhadas por um azul perfeito, imaculado. A força da Natureza, porém, atemoriza os locais e provoca êxodos constantes.

Uma pérola do Pacífico esquecida por Obama

A 30 de Setembro de 2009, um tsunami destruiu tudo o que foi erguido pelo homem, incluindo um estádio de futebol patrocinado pelo programa de desenvolvimento da FIFA. 90 por cento das casas em Tutulia caíram por terra. Uma vez mais, o inferno visitou o paraíso. Mas eles não desistem. Levantam-se e começam nova caminhada. É um lema de vida.

Futebol contra Yokozuna, Umaga e The Rock!

No meio desta realidade bipolar, subsiste uma selecção de futebol. Uma equipa sem registo de vitórias ou empates reconhecidos pela FIFA. A história diz-nos que a Samoa Americana venceu Wallis e Futuna em 1983, mas faltava o selo oficial do organismo que rege o futebol mundial.

Este 31 não é de Liedson, mas de vergonha

Ramin Ott, o capitão da Samoa Americana, é o exemplo perfeito de realismo perante um paraíso sem grandes condições de habitabilidade. O médio, autor do único golo da sua selecção na fase de qualificação para o Mundial de 2010, conta-nos a sua história. Nela, encontram-se os receios e ambições de qualquer jovem da sua nação.

«Qualquer jovem da Samoa Americana pode chegar à selecção, por isso é que estamos sempre a mudar de equipa. Os jovens que gostam de futebol só jogam nas ilhas, no campeonato local, enquanto lá estão. Depois, acabam todos por partir, para estudar ou procurar melhores oportunidades de emprego», explica Ott.

O capitão da selecção seguiu esse caminho. Está nos Estados Unidos da América e prepara-se para abraçar uma carreira que serve de refúgio a muitos nativos. «No início do ano, estive na Nova Zelândia a jogar pelo Bay Olympic F.C. Voltei à Samoa e entretanto viajei para o Arizona, onde joguei no Calcio United. Vou juntar-me ao Exércio Norte-americano em Janeiro. Tentei jogar futebol para ganhar a vida, mas ainda não consegui», diz.

Tafuna Toilolo, extremo de 21 anos, também já abandonou as ilhas. «Comecei a jogar futebol para fugir à febre do futebol americano e do basebol. O futebol continua a ser a minha paixão, portanto nunca deixaria de ir à selecção, apesar dos resultados. Temos muitos problemas com falta de dinheiro, e o Tsunami provocou muita destruição, mas actualmente estou a morar na Califórnia. Jogo numa equipa da paróquia daqui, chamada Pasefika Youth, e trabalho como educador de infância, com crianças mentalmente incapacitadas», relata, ao Maisfutebol.

Ramin Ott pinta um quadro desolador da Samoa Americana, nesta altura, após o Tsunami de Setembro. «Foi muito triste, rezamos todos os dias pelos mortos. A cultura da Samoa Americana diz-nos para sermos fortes e seguirmos em frente. Levaremos dois anos a reconstruir o estádio. Estava a decorrer o campeonato local nessa altura, mas teve de acabar e os Black Roses, que eram os líderes, foram coroados como campeões», remata o médio.

VEJA OS ESTRAGOS PROVO CADOS PELO TSUNAMI