28 de Novembro de 2002, Scolari foi anunciado como seleccionador nacional. Cinco anos que se desenvolveram com alguma polémica, mas sobretudo com grande sucesso.
Curiosamente a carreira de Felipão não começou bem. O primeiro jogo à frente da equipa nacional realizou-se a 12 de Fevereiro de 2003, em Génova, perante a Itália. Era um jogo particular e Portugal saiu derrotado por 0-1.
O sabor amargo da derrota perduraria cerca de mês e meio. Até ao segundo jogo. A 29 de Março de 2003, no antigo Estádio das Antas, perante o campeão do Mundo Brasil, a Selecção Nacional venceu por 2-1 e iniciou a lua-de-mel.
Deco, Vítor Baía, Quaresma e outras polémicas
O jogo no Porto marcou também a estreia de Deco com a camisola portuguesa. A chamada do médio de origem brasileira não foi consensual, houve muitas críticas ao seleccionador, mas Deco marcou o golo da vitória e deixou de ser questionado.
Curiosamente a liderança de Scolari tem ficado marcada por decisões polémicas. Para além da chamada de Deco, também o brasileiro naturalizado português Pepe passou a ser opção para a Selecção Nacional, o que reacendeu a polémica.
Apesar de tudo, Scolari nunca deu o braço a torcer e sempre levou as suas decisões até ao fim. Como aconteceu no caso da insistência em não chamar Vítor Baía no ano em que tinha sido eleito pela UEFA o melhor guarda-redes da Liga dos Campeões.
A intransigência valeu-lhe uma guerra aberta com o F.C. Porto e com o público do Norte em geral, que nunca lhe perdoou ter dito, durante uma conferência de imprensa, a um jornalista de Lisboa «graças a Deus que não é do Porto».
As polémicas não foram contudo regionais. A relação com os jornalistas, por exemplo, viveu sempre de altos e baixos, muito perto da euforia e da depressão. Para além disso, não passou incólume quando não chamou Quaresma para o Mundial 2006.
Mas sobretudo não passou incólume o murro que deu no sérvio Dragutinovic. Um murro (falhado ou não) que o afastou do banco da equipa durante três jogos, que motivou pedidos sucessivos de demissão e que deixou Gilberto Madaíl a pensar.
Uma final, uma meia-final e dois apuramentos
Apesar de todas estas polémicas, é indesmentível que a liderança de Scolari tem dado a Portugal os melhores resultados que a selecção conheceu. Deu, por exemplo, a única final que o país já conheceu, na circunstância no Euro 2004 que a Grécia ganhou.
Para além disso repetiu uma meia-final de um Mundial, na Alemanha em 2006, e tornou-se o único seleccionador a apurar a equipa nacional para duas competições seguidas (Mundial 2006 e Euro 2008), um feito até aqui inédito.
Apenas por duas vezes Portugal se apurara para duas competições seguidas, em 84 e em 86, primeiro, em 2000 e 2002, depois. A equipa técnica nunca foi a mesma, porém.
Em 84 foi uma comissão técnica (Fernando Cabrita, José Augusto, António Morais e Toni), em 86 foi José Torres, em 2000 foi Humberto Coelho, em 2002 António Oliveira (este já apurara Portugal para o Euro 96, conseguindo também dois apuramentos, embora não seguidos).
Muitas vitórias e 30 novos internacionais
Os resultados falam aliás por Luiz Felipe Scolari. O seleccionador já disputou 72 jogos, tendo perdido 12 deles, empatado 18 e vencido 42. Mais de metade das partidas disputadas, foram ganhas, portanto.
O brasileiro é o seleccionador com mais jogos, seguido de António Oliveira (44), Juca (40), Cândido Oliveira e José Maria Antunes (31 vitórias). É também o seleccionador com mais vitórias, seguido de António Oliveira (26), Juca (17) e Humberto Coelho (16).
Para além de tudo, Scolari soube aproveitar a formação das novas gerações, lançando 30 novos internacionais. Entre eles nomes como Cristiano Ronaldo, Quaresma, Miguel Veloso, João Moutinho, Deco, Manuel Fernandes, Bruno Alves, Bosingwa e Pepe.