Nem sempre as mudanças de treinadores, sobretudo numa fase tão prematura da época, conferem melhorias visíveis nas equipas. Principalmente, no imediato.

Kenedy abandonou o comando técnico de Leixões e quatro dias depois a formação de Matosinhos voltou aos triunfos. Foi, por isso, um Leixões a provar que no futebol a lógica conta muito pouco.

Apenas com três alterações em relação à derrota em Viseu – entraram João Lucas, Bruno Lamas e Belima – o Leixões do interino João Henriques, mostrou-se capaz de inverter o resultado negativo do passado sábado e voltou a vencer no Estádio do Mar. Pela segunda vez consecutiva esta época, saliente-se.

FICHA E FILME DO JOGO

Em Matosinhos, assistiu-se a duas equipas com ideias muito distintas. Por um lado, havia um Leixões agressivo, de vertigem constante e com lampejos de classe que nasceram do pé esquerdo de Bruno Lamas. Do outro, a formação de Folha apresentou-se em 3-4-3 com bastante vontade de querer ter bola e dominar. Porém, vontade e a qualidade técnica acima da média nem sempre são competências suficientes para vencer.

Neste jogo, ficou provado que a agressividade, no bom sentido, aliada a uma boa organização, são capazes de suprimir a maior qualidade individual.

A falta de jogo interior, disfarçada a espaços pelo talento de Galeno, conjugada com pouca verticalidade, limitaram o jogo do FC Porto que raras vezes incomodou André Ferreira no primeiro tempo. A exceção foi mesmo uma tabela entre Galeno e André Pereira, conseguida em zonas interiores, lá está, a combaterem a letargia que ameaçava tomar conta do jogo do FC Porto. O Leixões, como que despertou para o jogo, começou a crescer com essa primeira oportunidade portista. Conseguiu criar várias oportunidades junto da baliza azul e branca até materializar em golo a supremacia que evidenciava.

Passe soberbo de Bruno Lamas, com Ricardo Barros, inteligentíssimo, a deixar a bola passar para a diagonal de Evandro. Na cara de Diogo Costa, o extremo leixonense não desperdiçou e inaugurou o marcador.

Esse golo surgiu em cima do intervalo e coincidiu com o melhor período leixonense na partida perante um FC Porto B incapaz de chegar à baliza contrária.

Na segunda parte, Folha colocou Fede Varela em zonas mais interiores e a equipa B dos dragões cresceu. De sobremaneira, diga-se.

A velocidade de Dalot e Galeno nas alas catapultou o nível de jogo dos portistas para patamares mais condizentes com o seu real valor. Porém, as variadíssimas tentativas dos azuis e brancas esbarraram sempre na segurança de André Ferreira. Perante o caudal ofensivo do FC Porto, o Leixões recuou e limitou-se a defender a magra vantagem com uma alma gigante e muita entreajuda. 

O jogo terminou com os nervos a estenderem-se das bancadas ao relvado e aos jogadores de ambas equipas. Ainda assim, saliente-se o espetáculo e a emoção típica daqueles jogos que agarram os espetadores como foi o caso deste.

Venceu o Leixões que soube interpretar com muita alma e inteligência todos os momentos do jogo e com promessas de fazer do Estádio do Mar a sua fortaleza perante um FC Porto que tem capacidade para fazer mais e melhor e que, mesmo com dificuldades no primeiro tempo poderia ter saído de Matosinhos com um ponto.

Apesar das duas derrotas em quatro jogos, Folha tem qualidade individual de forma abundante à sua disposição para realizar um bom campeonato, realce-se, e para os seus jogadores crescerem muito nesta Segunda Liga que prima por uma competitividade ímpar. O desafio para os jovens dragões é igualar os adversários nos níveis de agressividade porque no resto, a superioridade é por demais evidente.